É Victor se foi, que descanse em paz

Victor se foi. Morreu. Jovem, muito jovem.

Quem era Victor? Quem foi Victor? Do que morreu Victor? Que dia foi?

Perguntas, ora difíceis de responder, também pouco o conheci.

Visitas? Só de uma senhora que bem de quando em vez o visitava.

Era uma pessoa estranha, quase nunca saia de seu quarto, vivia trancado.

Às vezes escutávamos suas risadas, até mesmo gargalhadas.

Noutras chegamos a ouvir soluços de alguém chorando.

Já o escutamos cantando. Falando impropérios a torto e a direito.

Gostava de ouvir musicas bem alto. Em outras nada ouvia. Silêncio.

Todos tínhamos a impressão de que havia ratos em seu quarto.

Era um barulho constante, um tectectectectectec estranho.

Quando o ruído sumiu, sumiram também as gargalhadas, as risadas

as músicas, os palavrões, por isso chamamos a policia, e resolvemos

arrombar a porta do quarto. Surpresa! O quarto era limpo e bem arrumado, livros por todo canto, papeis quase todos com alguma coisa escrita, espalhados sobre mesas e escrivaninhas. No centro, sentado em uma cadeira, debruçado sobre a mesa, como se estivesse dormindo, estava Victor. Ao levantarem sua cabeça, viram o rato. Quieto agora, a sua maquina de escrever.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 27/11/2009
Reeditado em 19/08/2010
Código do texto: T1946618
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