Meu Vizinho João Camilo
Entre os vizinhos da Av. Santos Dumont (hoje Av. Antonio Denguinho de Santana), um era muito especial: João Camilo, um homem simples, calmo, paciente e cheio de Deus.
Convivemos, eu e minha família, com ele, sua esposa Dona Generosa e seus filhos, durante décadas,e nunca tivemos nenhum desentendimento apesar das crianças peraltas que fomos, e das malinações que fazíamos nos seus canteiros de verduras tão cuidadosamente zelados.
Era muito divertido ouvi-lo contar estórias de trancoso e Histórias Bíblicas. À tardinha, logo após o jantar, sentávamos no oitão, todos ao seu redor, para melhor o escutar e saborear os detalhes; e, viajávamos no tempo junto aos personagens que tanto nos encantavam.
Quando já era noite nos reuníamos, a convite dele, na sala do Coração de Jesus e, ajoelhados (muitas vezes sentados sobre os calcanhares) rezávamos o terço mariano para daí a pouco irmos dormir e quem sabe sonhar, naquela noite, que eramos a princesa da estória ou Éster, a rainha bíblica que achou graça diante do rei e salvou seu povo do morticínio.
Ele, como todo ser humano, envelheceu e foi levado por Deus, para junto de si, como é o destino dos bons. Eu, porém nunca o esqueci, pois além da admiração e do carinho que sempre lhe dediquei, sinto sua presença nas leituras bíblicas, sobretudo do Antigo Testamento.
Ele hoje figura como personagem do povo de Deus em minha memória e no meu coração.