Olhos Negros
Onde moram aqueles olhos negros que um dia eu deixei chorando?
Para onde vão?
Onde os encontrarei?
Vento, diga-me: que foi feito daquela que amei? Terá fugido apaixonada? Ou estará casada, feliz mãe de sadios bebês?
Fogo, onde está a chama da paixão que um dia ardeu nesse coração, hoje gelado? Como se apagou todo aquele incêndio de desejos e sentimentos que abrasava esse peito de rocha?
(Tudo tem um fim?)
Água, lava-me, purifica-me de meus pecados! Ó chuva abençoada! Lava meu corpo, minha alma. Lava essa pedra que um dia eu chamei solenemente “meu coração”...
Pois vejo a Terra...
Terra, onde a minha amada dorme. Terra que consome aquela carne outrora macia. Terra que há de comer aqueles lindos olhos negros, aqueles olhos que um dia eu deixei chorando... Diga-me, dê-me apenas uma resposta.
Para onde irei?
Onde me encontrarei?
Os quatro pilares na sepultura dela me olham.
E de pé, rocha maior: um homem de coração destruído, que perdeu a chance de ser feliz.
Para onde irá?