Espiral do prazer
-Estou procurando um abrigo
Diz a centopéia para a lacraia
-Venha!
-Entre aqui debaixo deste vaso.
-Esta é a morada do gongolo.
-E ele não está em casa.
Suplica a lacraia maliciosa
-Ah!
-Mas ele pode chegar a qualquer momento.
Desconversa a insegura centopéia
-Não precisa ter medo,
-Eu estou aqui.
Sussurra a lacraia.
-Você tem razão.
-Com você por perto
-Eu não preciso ter medo de nada.
E a partir daí
As duas se enrolaram
Numa espiral
Com as centenas de pernas
Entrelaçando-se umas nas outras.
E quando as duas menos esperavam
Chegou o tal dono do cafofo,
O Gongolo.
Deslizando suavemente
Na direção daquele rolo
-Será que cabe
-Mais um pouco de linha
-Nesse carretel?
Pergunta o gongolo
Num tom
Um tanto marrento
Meio Cartola
Meio Noel
Aí,
Aliviadas
E muito atrevidas
As duas puxaram
O dono da casa
Pro redemoinho.
Desde então
O cafofo do Gongolo
Passou a ser freqüentado
Por Lagartas, Lesmas,
Caracóis,
Minhocas e Minhocos
Todos querendo entrar naquela espiral
Mesmo sendo tachados pelas joaninhas
De indecentes e loucos.