A VIDA NO MAR MORTO
Vida de angustia para as esposas
Dos homens que pelo mar viajava,
Nas noites de tempestades
Alguns saveiros não conseguiam voltar.
Na beira do cais,
No farol das estrelas,
Esperavam desesperadas
Os seus homens com seus saveiros.
Seus homens tinham horas para sair,
Não sabiam quando voltar,
Pois nas mais imensas águas,
As suas vidas pertenciam a Iemanjá.
E nas noites de chuvas,
O coração das mulheres,
Batiam mais que devia,
Tremia não de frio,
Sofria por um amor,
Que esperavam na beira do cais,
Um amor que poderia chegar
Até mesmo sem vida.
O marinheiro e a mulher morena,
Eram familiares do mar,
Sabiam que quando a noite chegasse,
Muitos homens morreriam no mar.
Assim seria mais um destino,
Mais um navio que não
Conseguiu chegar,
E mais mulheres viúvas,
Que deixariam de amar.
Cantavam na beira do cais,
Canções dolentes de amor,
Vem amar nas águas
Que brilha ao luar,
Porque é noite para poder amar.
Eram mulheres soluçando de alegria,
Nos braços de seu homem que vivia,
Eram mulheres chorando na noite fria,
Pois seu homem morria.
Todos os homens do mar,
Todos os marinheiros a navegar,
Jovens, velhos de todas as idades
Pertenciam a Iemanjá.
Você ouviu falar de rosa Palmeirão?
Era mulher valente
E não tinha medo de matar,
Rosa Palmeirão usava navalha
E os homens tinham que respeitar.
Rosa Palmeirão tinha navalha na saia,
Brinco no ouvido e punhal no peito,
Não tinha medo de nada,
Tinha um corpo bem feito.
Mas que estórias,
Da vontade até de chorar,
Ouvi estas estórias,
Dos homens do mar.
Era doce morrer no mar,
Todos os homens amavam Iemanjá,
Iemanjá vem,
Vem Iemanjá, vem do mar.
Era bela a mãe-dágua,
Lindos os cabelos de Iemanjá,
Cobriam todas as águas,
E brilhava pelo mar.
Belas esposas queriam os homens,
Só que não podiam escolher,
Pois os seus destinos,
Tinha que ser pra valer,
Escolhida pela mãe-dágua,
As suas esposas pra viver.
O cais pertencia a Iemanjá,
E também a vida dos marinheiros,
Muitos até no mar se jogava,
Para com Iemanjá viver.