CULTURA POPULAR Mitos e Lendas Brasileiros - Lia Lúcia de Sá Leitão 15/ 11/2009

FOLCLORE - ou - Mitos e Lendas Brasileiros.

OFEREÇO ESSE PEQUENO ESTUDO SOBRE O FOLCLORE BRASILEIRO A MINHA AMIGA E FIEL ESCUDEIRA DE PESQUISA,TRABALHOS E VIDA VANIA TRINCA.

Tenho escrito muitas lendas, criado outras histórias maravlilhosas do imaginário popular e não tenho feito um apanhado sobre alguns aspectos teóricos do que é realmente esse manifesto popular que tem suas raizes no resultado final do somatório da criação humana.

O QUE É O FOLCLORE BRASILEIRO?

Sabendo-se que é o conjunto de mitos e lendas, ícones e relatos dos costumes populares do maravilhoso é a criação cultural humana pois é transmitida oralmente e de pai para filho, com a finalidade de ensinamento popular ou por pura criação imaginativa. O povo brasileiro possui uma riqueza de encantamentos míticos e lendas.

PANORÂMICA SOBRE O FOLCLORE BRASILEIRO.

O Romantismo criou espaço para os estudos da cultura popular brasielira, tendo como primissa a preservação do Brasil para os brasieliros nos idos do século XIX. Houve a influência européia influênciando brasileiros como Celso de Magalhães e Sílvio Romero à pesquisa de cunho popular favorecendo essas obsevações e estudos a elaboração de lendas, mitos e contos mais tradicionais colhidas entre os nativos, negros e europeus causando um espantamneto pela coleção de detalhes e proporcionando uma linha de estudos sistemáticos. A apreciação social da cultura popular em relação às lendas e mitos brasieleiros estão ligados à divulgação e aqueles que incorporaram esses elementos culturais divulgando-os, ilustrando-os nas escolas e ou em livros. O assunto é polemizado nos poemas indianistas de Gonçalves Dias, nos romances de Alencar, estudiosos como Sílvio Romero e porque não lembrar D. Pedro II que via na cultura popular uma ponte de interação entre todas as regiões dessa terra de dimansões continentais. O maravilhoso brasileiro passou a ser respeitado e objeto de estudos no exterior.

Analisando o aspecto mais retável da criação popular brasileira e seu imaginário basta observar a evolução do turismo cultural em eixos bem delineados como nas regiões de colonização mais antigas como Amazônia com os seus mitos que se confundem com seus criadores nativos e ribeirinhos, no Nordeste com seus desaforos, danças e expressões entre a valentia e a coragem ou mesmo nos castigos eternos como a lenda do Cabeção originária do rio Parnaíba no Piauí, no Sudeste as bravuras e os causos de esperteza e assombramento. Os demas eixos como o Sul e o Negrinho do Pastoreio, A Velha Pisadeira, o Centro Oeste com A Mãe do Ouro, A Onça da Mão Torta, a Lenda do Milho e muitas outras histórias.

Cada região brasielria possui as suas influências e seus reais valores. O folclore atingiu todas as camadas sociais brasileiras, é divulgado nas escolas garantindo a perpetuação da criação humana.

A importância do folclore é tamanha ao ponto de ser incorporado na educação como um bam nacional que deve ser protegido por Lei pois é um dos construtores do patrimônio histórico e cultural. A Constituição protege o folclore através dos artigos 215 e 216, que tratam da proteção do patrimônio cultural brasileiro, ou seja, "os bens materiais e imateriais, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira". Os órgãos estatais responsáveis pelo estudo, proteção e divulgação do folclore nacional são a Comissão Nacional de Folclore, ligada à UNESCO e ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura, e responsável pela elaboração da Carta do Folclore Brasileiro, e o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Enlogação

Quando se fala em elogação é possível entender que se quer tratar das músicas danças, brincadeiras, usos e costumes. Podemos observar dessa forma.

Música – A música geralmente é dolente e simples e a autoria caiu no domínio popular. As cantigas de roda, as brincadeiras infantis, os hinos religosos, os rituais das danças e festejos populares.

Tomamos como exemplo o próprio costume brasileiro..

CANTIGA DE RODA, a infinidade de cantigas de rodas, escolhi A Barraquinha por ser curtinha e completa pois, sua característica principal é a menina da casa grande como sinhazinha, e ingredientes da gastronomia.

A Barraquinha

Cantigas Populares

Vem, vem, vem Sinhazinha

Vem, vem para provar

Vem, vem, vem Sinhazinha

Na barraquinha comprar

Pé de moleque queimado

Cana, aipim, batatinha

ACALANTO para o povo brasileiro é o primeiro contato entre a vida e a música..

Caiumba

Vamos atrás da Sé / Caiumba / Em casa de sinhá Tetá / Ó, Caiumba / Ver a mulatinha / Ó, Caiumba / Da cara queimada / Ó, Caiumba / Quem foi que a queimou / Ó, Caiumba / Foi sua senhora / Ó, Caiumba / Pelos peixinhos fritos / Ó, Caiumba / Que estavam na cantareira / Ó, Caiumba / Que o gato comeu / Ó, Caiumba / Q'é do gato? / Ó, Caiumba / Fugiu pro mato / Ó, Caiumba / Cadê o mato? / Ó, Caiumba / O fogo queimou / Ó, Caiumba / Cadê o fogo? / Ó, Caiumba / Água apagou / Ó, Caiumba / Cadê a água? / Ó, Caiumba / O boi bebeu / Ó, Caiumba / Cadê o boi? / Ó, Caiumba / Está garreando milho / Ó, Caiumba / Cadê o milho? / Ó, Caiumba / A galinha comeu / Ó, Caiumba / Cadê a galinha? / Ó, Caiumba / Está pondo ovo / Ó, Caiumba / Cadê os ovos? / Ó, Caiumba / O frade bebeu / Ó, Caiumba / Cadê o frade? / Ó, Caiumba / Está dizendo missa / Cadê a missa? / Ó, Caiumba (in Achegas ao estudo do folclore brasileiro, Alfredo do V. Cabral, MEC, 1950)

Acalanto

(Dorival Caymmi)

É tão tarde, a manhã já vem / Todos dormem, a noite também

Só eu velo por você meu bem / Dorme anjo, o boi pega neném.

Lá no céu deixam de cantar / Os anjinhos foram se deitar

Mamãezinha precisa descansar / Dorme, anjo, papai vai lhe ninar.

Boi, boi, boi, boi da cara preta / Pega essa menina que tem medo de careta.

MODINHAS, temos em Catulo da Paixão Cearense um dos maiores representantes das famosas modinhas populares.

Não há, oh gente

Oh não, Luar

Como esse do sertão

Oh que saudade

Do luar da minha terra

Lá na serra branquejando

Folhas secas pelo chão

Este luar cá da cidade

Tão escuro

Não tem aquela saudade

Do luar lá do sertão

Não há, oh gente...

Se a lua nasce

Por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata

Prateando a solidão

E a gente pega

Na viola que ponteia

E a canção

É a lua cheia

A nos nascer do coração

CANTOS DO TRABALHO, no Interior brasileiro são inúneros por causa dessa riqueza selecionamos dois mais usuais.nas colheitas e plantações de subsistência.

Bate, bate o ferreiro

Noite e dia sem parar

Bate, bate o dia inteiro

Até nas noites de luar. ou Triste é meu destino

Trabalhar e só trabalhar

Sem o descanso necessário

Para o sustento ganhar.

Canto das Plantações de Arroz

Arroz é boa lavra

Eu vô mandá culê,

Na entrada do verão

Eu vô mandá vendê,

Assim diz o lavradô,

Eu não vô prantá arroz

Pra culê sem meu amor.

Meu pezinho de milho verde

Me esconda na vossa sombra

Quando estô mais meu benzinho

Eu não tenho onde m’esconda.

Você diz que me quer bem

Eu também quero você,

Quero te bem toda vida

E você só quando me vê.

Minha urupemba de ouro

Meu alecrim penerado

Nunca chorei por amor

Mais por ti tenho chorado.

SERENATAS, as serenatas já fizeram parte da sociedade brasileira e mundial, sempre a canção popular dos apaixonados para as suas amadas.

Serenata Suburbana

Composição: Capiba

Levo a vida em serenatas,

somente a cantar.

Quem não me conhece

tem a impressão

de que sou tão feliz.

Mas não é isso não.

Se eu canto em serenatas

é pra não chorar.

Ninguém sabe a dor que eu sinto,

dentro de mim.

Ninguém sabe porque vivo,

tão triste assijm.

Se eu fosse realmente

muito feliz

não chorava quando eu canto.

Nem cantava

pra abafar meu pranto.

OS CANTOS DE VELÓRIO muito corriqueiro nos interiores e sertões do Brasil.

Eita! De lá de trás do embruio da serra,

Por onde um grão de exalo vem pro nariz se posar

Cheiro mei largo de madeira bulida

Que se apruchega cum som chamando pra festeiar

E a lua se derramando perto do torto da estrada

Acende em brasa o quentão, deixa a mulera rachada

Infesta todo o sertão inté varar madrugada

Eita! De cá, no mei de todo o festeiro

O fogo pega ligeiro inté a poeira levar

Feito um riseiro solto na multidão

Com os calo cheio de mão e os dente solto no ar

E o sol vem se anunciando quando por tempo acabar

As vela em água no chão vendo as flor se soltar

Seguindo o povo pra ver o falecido se deitar

Letra da música de Velório, de Dorival Caymmi

Uma incelença entrou no paraíso

Uma incelença entrou no paraíso

A-deus, irmão, adeus

Até o dia de juízo

A-deus, irmão, adeus

Até o dia de juízo

CANTOS DE CEMITÉRIO costume dos povo simples do interior e sertões brasileiros.

Adeus, adeus, ó Freixeda

Três pontos de admiração:

O carrasco e a igreja

A pedrinha do pontão.

Adeus, adeus, ó Freixeda

Adeus, ó pedra redonda,

Onde se sentam as moças

Para ver passar a ronda.

Adeus lugar da Gouveia

Estás no alto, dá-te o vento:

Tens rapazes como cravos,

Raparigas que atormentam.

Adeus ó lugar das Múrias

Rodeado de oliveiras;

Tens rapazes como cravos

Raparigas como roseiras.

Adeus, adeus, ó Mirandela,

És bonita, tens que dar:

Raparigas ao convento,

Rapazes a namorar.

Mirandela, Mirandela,

Mira-a Bem e foge dela;

Quem Mirandela mirou

Em Mirandela ficou.

Dizem que a ponte de Mirandela

Tem dezassete olhais,

Ainda lhos contei ontem à noite,

São dezasseis, nada mais.

A ponte de Mirandela

Tem vinte e cinco olhais;

Contei-os ontem à noite

São dezoito, nada mais.

Nossa Senhora do Amparo,

Senhora de Mirandela;

Hei-de pôr no teu altar

Velas de cera amarela.

No dia que eu casar,

Senhora de Mirandela,

Hei-de Pôr no teu altar

Velas de cera amarela

Meu coração anda a lanço

Na praça de Mirandela

Já não há quem lance nele,

Lança tu, minha donzela.

Adeus, adeus, ó lugar das Múrias,

Ó longe pareces uma vila,

Tens um cravo na entrada

E uma rosa na saída.

Adeus, ó lugar das Múrias,

Ó lado tens um ribeiro;

Ó que jardim tão belo,

Falta-te um jardineiro.

Adeus ó lugar das Múrias,

Quem te pôs o nome errou:

Estou tão afeitinho

Já de cá me não vou.

Adeus, ó lugar do Nabo,

Ó cimo tens um Lodão;

No meio está uma rosa,

Prenda do meu coração.

Adeus, adeus, ó Navalho

Semeado davas pão;

Já me deste alegria.

Agora dás-me paixão.

Paradela, Paradela,

Não há terra como ela

Andam a engordar as vacas

Para outros comerem a vitela.

Avidagos deu um tombo;

Ó Palorca tem-te lá;

Milhais é um brinquinho,

Sempre o foi e será.

Suçães é vale de rosas,

Bem se lhe pode chamar:

As rosas p´ra botica

A Suçães se vão buscar.

Lia Lúcia de Sá Leitão
Enviado por Lia Lúcia de Sá Leitão em 15/11/2009
Reeditado em 15/12/2009
Código do texto: T1925098
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