Sexta-Feira 13!!!

— Mano, por isso odeio sexta-feira treze! Que merda! — gritei na solidão do cúbiculo que é meu apartamento. Trocava de canais freneticamente e só passavam filmes de quinta categoria... nada que me distraísse do maldito celular que estava em cima da mesa. Ana, a minha linda noiva tinha ficado de ligar, iriamos sair essa noite. Aniversário de namoro, faltam poucos meses pro casamento. — Merda! Não acredito que ela esqueceu!

Olhei com raiva pra máscara de Jason que me observava do outro lado do quarto. Sãopaulino que sou ia usar essa fantasia na festa que iriamos essa noite. Isso não é coisa de Halloween? Enfim, não posso me animar muito pra sair. To gripadado a mais de uma semana, tomando remédio todos os dias.

Que merda.

Mal conseguia parar de tamborilar os dedos no braço da poltrona que curiosamente estava quebrado (quando quebrou?), roi todas as unhas, entrei no msn e nem isso me distraiu! Mas também, tinha prometido que não ia ligar pra ela. Concordo que estou ficando muito compulsivo, ligava muito pra ela. Melhor deixar que apenas ela ligue... mas ela tem que ligar! Poxa, não é assim que as coisas funcionam! Já são quase onze, iamos sair as dez!

Sentei. Tomei mais uma dose de uísque e esvaziei a garrafa. O copo estava trincado, quando isso aconteceu? Respirei fundo.

Isso não devia ajudar?

Não sei, não ajudou muito. Como posso casar com alguém tão sem coração? Poxa, eu amo tanto essa desnaturada! Só fechar os olhos que vejo o sorriso dela, ouço a voz dela, ouço também Pingo, o cachorro infeliz que nunca para de latir... deus do céu! Até o cheiro dela eu sinto!

Abri os olhos tendo a certeza que ela no meu quarto, comigo. Não era esperança, era certeza mesmo! Ela não estava lá, claro.

— Enlouqueci? — falo e riu sozinho. — Que merda.

Olho denovo para o relógio... exatamente onze horas, tenho que tomar meu meu remédio pra gripe. — ... mas porquê o celular não despertou? — a resposta vem em seguida. Porque eu programei o celular da Ana e não o meu. Isso que dá usar celular igual.

Curiosamente meu celular toca e eu me assusto. Eu estava esperando ele tocar a horas e agora me assusto?! Corri pra atender, no visor estava o nome da Ana! Que bom que ela está bem.

Atendo e não ouço nada.

— Ana?! Amor? — chamei em vão, até que ouvi latidos vindo de longe... era o Pingo? Ela estava na casa dela ainda?

Então ouvi. Bem baixo, mas o inconfundível som dos gemidos de prazer da Ana. Gemidos que eu conhecia tão bem e acreditava serem só meus.

Minha respiração parou, senti o estômago revirar. Fiquei congelado, ouvindo minha noiva gemendo no celular. Só senti as lágrimas descerem quando ouvi a voz rouca de um homem em coro com os gemidos dela. Felizmente não eram lágrimas de dor, mas de fúria.

Comecei a tremer dos pés a cabeça. O celular caiu no chão, mas só percebi isso quando eu vi ele quebrado em pedaços. Ele caiu no chão, não caiu? Ou eu quebrei ele? Meu monitor também estava quebrado! Quando quebrei ele?!

Minha Ana, estava me traíndo... com certeza o celular dela despertou e ela estava... distraída demais pra apertar o botão certo. Acabou me ligando.

O abajur que fica perto da minha cama estava no outro lado do quarto, em milhares de pedaços. A televisão havia explodido, mas nem cheguei a ver quando isso aconteceu. Porquê diabos tudo em volta de mim começou a se despedaçar? Eu estava fazendo aquilo? Claro que não. Mas deveria... isso me faria bem.

Olhei para a máscara do Jason e sorri. A peguei calmamente e fiquei observando, pensar em nada.

— Não sei se deveria te fazer uma visita Ana, mas realmente. — pus a máscara — realmente isso me faria muito bem...