Não. Nunca. Jamais

Dali não sairia. Nada nem ninguém mudaria isto. Fizesse sol, chuva, calor ou frio. Poderia até nevar e a neve virar torrente. Nem assim nada mudaria. Sem ela a vida não faria sentido pra ele. Além disso ela sempre contara com ele, não importando o que fizesse ou onde estivesse. Um telefonema e o mais rápido que pudesse, estava ao seu lado.

Ela sabia desde pequenina que com ele por perto não precisava sentir medo de nada, nem de ninguém. Corria, pulava os piores obstáculos, balançava, jogava bola, encarava qualquer coisa. Ele a protegia sempre e assim nada a machucaria.

Insistiram. Mesmo não gostando de pescar, resolveu ir com os amigos.

Lugar inóspito por uma semana. Sem telefone. Longe de tudo e de todos. O celular? Sem sinal.

Ainda assim voltou feliz. Cheio de peixes de histórias pra contar e de saudades. Mal podia esperar revê-la. Correu à casa dela.

Não havia ninguém. A vizinha contou:" Foi atropelada e o estado dela era grave. "

Ele precisava vê-la!

Não percebeu quanto tempo levou entre a notícia e a chegada ao hospital. Deu por si brigando com tudo e com todos. Como se não bastasse, a visão dos tubos e aparelhos o deixou com uma grande sensação de culpa. Deixara-a sozinha, afinal. Aquilo só acontecera por não estar ao lado dela!

Agora repetia a si mesmo: "Daqui não saio. Não. Nunca. Jamais."

Ela abriu os olhos. Os médicos correram a tirar os tubos. Ela virou o rosto pra ele e sorriu. Sabia que com ele ali, tudo estaria bem. Então ouviu...

- Oi vovô!

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 13/11/2009
Reeditado em 28/11/2010
Código do texto: T1920884
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