Um caso de arrepiar

Tenho recebido gentis colaborações de leitores, amigos e parentes, dando sugestões para servirem de temas dos meus escritos e, nesta oportunidade, quero agradecer à pessoa que me enviou a estória que vou descrever, que, realmente, é de arrepiar os cabelos. Ela foi apresentada em palestra dada pelo Rabino Issocher Frand, como sendo um caso absolutamente verídico.

“Um empresário norteamericano, de nome Moshê, encontrava-se a negócios em Israel, quando entre uma reunião e outra resolveu fazer um lanche rápido na pizzaria da esquina das ruas Yafo e Mêlech George, no centro de Jerusalém. Pelo fato do estabelecimento estar lotado naquele momento, Moshê começou a ziguezaguear por perto do balcão de pedidos, pois ele não dispunha de muito tempo, até o início de uma importante reunião. Ao perceber a angústia do estrangeiro, um israelense ofereceu-lhe um lugar á sua frente na fila, ao qual o empresário aceitou de pronto. Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu, não sem agradecer ao amigo pela gentileza. Menos de dois minutos depois, ele ouviu um estrondo terrível, que fez tremer o chão, quando alguém comentou ter havido a ação de um homem-bomba na pizzaria Sbarro’s. O empresário sentiu suas pernas bambearem, pois sabia que não deveria ter dado tempo do israelense ter saído de lá, tudo porque ele lhe havia oferecido o lugar, com isso esse homem tinha-lhe salvado a vida. Nesse momento Moshê esqueceu-se da importante reunião e correu para o local, preocupado com a sorte do gentil cavalheiro, que, mesmo involuntariamente, passou a ser um grande credor da sua gratidão eterna. O local era a mostra do verdadeiro pandemônio, com muitos mortos e feridos agonizantes (a estatística do ocorrido mostrou que, além do terrorista, que era pertencente do grupo Jihad Islâmica, outras 18 pessoas morreram, dentre as quais seis crianças, e cerca de 90 pessoas ficaram feridas, muitas delas gravemente). Por não haver encontrado seu amigo entre os mortos e feridos no local, ele começou a percorrer vários hospitais até encontrá-lo internado, em estado grave, acompanhado do próprio filho, a quem ele empenhou sua total solidariedade, comprometendo-se a cumprir qualquer tipo de ajuda que seu pai viesse a necessitar, deixando na mão do rapaz o seu cartão.

Menos de um mês depois, Moshê recebeu um telefonema do rapaz, em seu escritório, pedindo-lhe as providências necessárias para seu pai poder passar por uma cirurgia de emergência, em hospital em Boston, indicado como o melhor para o caso dele. Prontamente o empresário cumpriu os requisitos necessários para a internação do israelense e, ainda mais, alguns dias depois, em plena terça-feira, largou seus afazeres em New York para receber o seu amigo em Boston, cuja distância fica a uma hora de avião. Sendo assim, Moshê, perto das nove horas da manhã daquele dia 11 de setembro de 2001, não se encontrava em seu escritório no 101º andar do World Trade Center Twin Towers!!!”

Perceberam como o mundo espiritual funciona, sempre respondendo à ação das nossas escolhas, em função do sonen (razão,sentimento e vontade), de forma a mostrar e comprovar a importância do amor que devemos dispensar aos semelhantes, porque só o amor constrói o caminho para alcançarmos a felicidade perene, tão procurada por nós? Há inúmeros casos de pessoas que se sentem felizes porque ganharam na Mega Sena, outras porque conseguiram chegar ao topo (profissional, político, social etc.), até conhecerem a inutilidade de tudo isso, que apenas nos dá a felicidade efêmera, que, quando se esvai, nos leva ao fundo do poço.

Um simples gesto de amor, pela preocupação com a aflição alheia, permitiu ao israelense toda a assistência necessária à sua sobrevivência, após a passagem por um processo de purificação violento, que lhe estava reservado pelo destino. Por outro lado, o sentimento profundo de gratidão do empresário norteamericano, somado a uma ação altamente altruísta, mesmo em prejuízo dos seus próprios interesses profissionais, salvou-lhe, literalmente, a vida.

Todos aqueles que seguirem a “Lei de Gerson” e enquanto estiverem praticando o “jeitinho brasileiro”, nunca desfrutarão de graças desse naipe.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 11/11/2009
Reeditado em 02/01/2012
Código do texto: T1917666