JIMMY
JIMMY
Ao rever fotos de família, uma chamou aminha atenção, uma casinha de cachorro, do lado de fora uma tigela de comida e outra de água, vazias. Dentro uma manta pequena de bêbe. Do lado de fora, sobre a porta, há escrito em tinta vermelha um nome: Jimmy.
Seria o tarado pastor americano da TV Jimmy Suegarth? Ou o musico de rock também americano Jimmy Hendrix, com qualquer dos dois à semelhança, dependia da ocasião, do humor dele e nosso.
Quando veio parar em casa junto trouxe a irmã, os dois filhotes, ela já doente com sinomose, não resistiu, ele mirradinho, franzino, cara de dodói, de coitadinho mesmo, sobreviveu e assim como meus filhos tornou-se mais uma criança em casa e com elas foi crescendo.
A rua onde morávamos, era sem saída ficava cheia de crianças o dia inteiro, pular corda, amarelinha, queimada, esconde-esconde, pega-pega, etc. em todos esteve presente, brincando ou atrapalhando.
Nunca ficou preso, seja na guia ou no quintal, nem de coleira gostava. No portão havia uma abertura no tamanho certo para ele e as crianças, saírem ou entrarem quando quisessem.
Pela manhã, após o café, acompanhava as crianças à escola e voltava pra casa, na saída da escola, até hoje não entendemos como, no horário certo lá estava a esperá-las.
O café da manhã era especial, primeiro colocava-se o pão no centro da tigela, depois encharcava com café e então punha o leite em volta, de maneira que ao tomar leite ingeria pedaços de pão com café. Qualquer outro jeito nem chegava perto.
Carrocinha era sua diversão predileta. No final da rua tem uma escadaria e um morrão que sai na rua de baixo, fazia com que os homens da dita cuja, fossem atrás até em cima no fim, aí calmamente descia o morro, dava a volta e entrava em casa, onde ficava latindo para eles. Até o dia em que foi preso. Andamos em vários canis públicos, até encontrá-lo em Diadema. Três dias preso.
Quando voltou, de raiva devem ter judiado dele, ficou doente, não comia, gemia, tinha pesadelos. Levamos ao veterinário. Para nossa surpresa, estava com câncer no sistema linfático, sem cura e com prognóstico de dores terríveis.
Viveu dezesseis anos conosco. Intensamente. Fez e fará parte da nossa história para sempre, principalmente da de meus filhos.
Era, é um membro da família, um companheiro de aventuras para meus filhos, um filho teimoso para nós e para todos um inesquecível e saudoso amigo