METRÔ

Seis horas da manhã. Atrasado. Saio correndo. Chego ao metrô. Lotado, parece que todos estão atrasados. Um empurra-empurra danado. Passar pelas catracas é como disputar corridas de obstáculos. Descer a plataforma e embarcar é como lutar judô. Sentar então parece brincadeira de crianças, aquela das cadeiras, quatro pessoas disputam três cadeiras, uma sempre sobra.

Quando para em uma estação, se não tomar cuidado, desce sem querer.

Lata de sardinhas, esta é a melhor descrição. Mesmo assim, vemos inusitadas situações, como o casal de namorados, trocando beijos juras e carícias, como se estivessem a sós. A senhora tranqüila, tricotando entre sorrisos, como se em casa, na sala estivesse. O rapaz de I-pod nos ouvidos, cantando de olhos fechados, alto, sem perceber. A mocinha, lendo, concentrada, um livro. Hora ri, outra se entristece, vivenciando personagens de sua leitura.

Colegas conversando alto e sem parar, como se no portão de suas casas estivessem.

E aquele senhor, lá no fundo do vagão, que ninguém sabe como, escreve sem parar, sentado ou em pé. Sobre o que escreve, sabe-se lá!

Opa! É aqui que desço. Tchau!

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 05/11/2009
Código do texto: T1906099
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