Trânsito Amoroso.
Fim de tarde. Sol se pondo no horizonte, lança raios sobre os olhos de quem dirige, cegando por breves momentos.
No transito caótico de São Paulo, qualquer coisa é motivo para irritação, perde-se horas para ir de um lugar a outro por mais perto que seja, todos os dias milhares de paulistanos fazem o mesmo trajeto, casa trabalho, trabalho casa, perdendo um tempo enorme.
O pior é que não há alternativa. Os números são astronômicos, tudo em São Paulo é superlativo.
Calor intenso, abafado. Abro os vidros do carro, aumento o som. Tenho a impressão de que estão me olhando. Viro o rosto, no carro parado ao lado do meu, uma bela mulher, loura, olhos amendoados, esta olhando para mim.
-Nossa que congestionamento! Diz ela.
-Hein! Abaixo o som. É verdade menina, um horror!
-Obrigado! Diz ela.
-Como?.
-Pela menina! Responde sorrindo.
-Imagine falo apenas o que meus olhos vêem. Esta indo para aonde? ---Para onde o transito deixar!.
- Eu também, este é o pior horário, o certo é sair depois das vinte horas ou seja, daqui umas duas horas sair antes é besteira. Bom poderíamos tomar um suco, arrisquei.
-É verdade. Mas prefiro um Chope ou cerveja. Que tal!
Conseguimos ir passando para a direita. Entramos por uma lateral e paramos no primeiro barzinho. Estacionamos. Descemos, caminhamos um ao encontro do outro. Olhando-se.
-Tudo bem! Prazer Daniel!
-Oi! Prazer Camila. Beijinhos no rosto.
-Vamos?
-Vamos!
Entramos, escolhemos um lugar no terraço, sentamos. Veio o garçom, fizemos o pedido. Começamos a conversar. As bebidas vieram, os petiscos, os tira-gostos. Mais bebidas e mais tira-gostos. Quando demos conta, já passava das vinte e três horas. Tomamos um susto, não pelas horas, mas pelo tempo que conversamos sem perceber. Chamamos o garçom. Pagamos a conta. Dividimos, depois de uma divertida discussão. Saímos. Acompanho-a até o carro. Espero que abra a porta. Conferimos nossos telefones. Marcamos para próxima sexta-feira, no mesmo lugar. Beijinhos, tchau.
Ainda fomos dirigindo pelo mesmo caminho, até que buzinando, tomamos os nossos respectivos rumos.
Isidoro machado