conversando com o radio
Conversando com o rádio, minha mãe tinha respostas para
Todas suas duvidas. Todos os dias, ao ligar o radio ouvia o locutor
Dar-lhe bom dia! Bom dia, Enzo... respondia minha mãe.
E assim ia o dia.
De repente mamãe ria, gargalhava, divertindo-se com algo que ouvira.
Em outro momento sentia aflita, num crescendo angustiante, à medida que a novela avançava. Até chegar as lagrimas com a Escrava Isaura, Albertinho Limonta e mamãe Dolores.
Há! Como era gostoso ouvi-la cantar com o rádio e as irmãs Batista, senti-la apaixonada com Nelson Gonçalves ou Orlando Silva, o cantor das multidões. E como era grande a emoção, minha e de meus irmãos, de ouvir em silencio, com o rádio ela cantar “quando o carteiro chegou e meu nome gritou com uma carta nas mãos..” Izaurinha Garcia, com sua voz e interpretação únicas, a nos fazer chorar.
Estranho mas lembro que naquela idade junto com minha mãe,
Conseguia “ver” tudo o que o rádio transmitia.
Hoje ao fechar os olhos ouvindo velhas e belas canções, consigo ver e sentir como se esses momentos passados, agora fosse.
Só quem tem boas lembranças, pode ter saudades.