conversa de vizinho

O que para ele parecia normal, aparentemente incomodava algumas pessoas. Senão vejamos, o cara veste-se do mesmo jeito parecendo estar na moda, embora não mude seu estilo nunca, impressão era a de estar sempre dançando, desfilando. Sorridente, dando bom dia a todos, brincando com crianças na rua, como se fosse uma delas, parando para conversas com o policia, com os garis, pegando na mão de todos, com a mulherada então, chama a todas de menina, independente da idade, presta uma atenção danada no que elas falam e como falam com ele, até com os cachorros da rua se dá bem. Quando varre a rua em frente a sua casa, deixa o som bem auto, Joe Coker, Led Zepellin, Roling Stones, Beatles, Pink Floidy, Deep Purple, Hendrix, Joplin, e um monte de Samba.

Varre, canta e às vezes dança. A garotada cola e fica discutindo com ele sobre esse ou aquele som. Gosta de tudo, diz que aprende com a garotada e a rapaziada, também. Ele renova seu conhecimento musical e o linguajar mutante que é a coisa mais dinâmica em qualquer idioma: a gíria. Passam horas nos finais de semana nisto. Não raro alguém traz carvão, outro a grelha, aparece carne, cerveja e pronto vira churrasco e a maior festa.

Ele e a esposa são os que mais se divertem seus filhos também, aliás, parecem todos irmãos, estão sempre se abraçando, conversando, se tocando, se pegando, beijando. O casal merece um capitulo a parte, cada vez que passam um pelo outro trocam um beijinho, quando dançam beijam-se a musica toda, transmitem um tesão pelo outro que contagia.

Vizinhos juram que já vira chegarem o dois de madrugada, colocar o carro na garagem e amarem-se ali mesmo. Não uma, mas, varias vezes.

E quando resolvem sair de moto. Vão pra onde? Dar uma volta, um role pela cidade, sem destino certo. Antes dão umas voltas, pela rua mesmo, para pegar a mão, a manha da moto, que é do filho, mas segundo o filho o pai pilota melhor.

O que os incomodados não se conformam é que o cara não fique em frente à TV, comendo e criando barriga, indo encher a cara no bar todos os dias e contar mentiras. Ao invés disso está sempre sorridente, como se fizesse sexo todos os dias, apesar dos pesares sendo feliz.

Pode um cara de 60 anos viver assim?

Isidoro machado

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 03/11/2009
Código do texto: T1903017
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