MAL ENTENDIDO

Certas histórias que lemos ou escutamos, nos fazem lembrar de coisas que aconteceram conosco. As histórias das Marmitas, de Ricardo, me fizeram lembrar de algumas. Então....

Eu trabalhava numa fábrica, e como todo operário, a marmita e o cartão de ponto eram símbolos reais de que estávamos empregados. Eram raras as empresas que davam almoço, ticket então, nem pensar. Então na falta desses benefícios, era a marmita que garantia nossas forças.

Certo dia, na hora do almoço, a peãozada reunida, nem um pio se ouvia - a não ser, de vez em quanto, alguém fazer aquele, horrível e irritante, barulhinho de chupar os dentes -, quando de repente ouvimos uma gritaria seguida de pesados palavrões. A turma do "deixa disso" logo apareceu e um empurra-empurra se deu.

Acalmados os nervos e os palavrões, era natural que se colocassem as coisas a limpo, sim, porque ninguém briga assim sem mais nem menos, ainda mais, colocando a mãe dos outros na história.

Nenhum dos briguentos se prontificou a falar, era um empurrando para outro o início da briga. Após ameaçados, pelo chefe, de que se ninguém falasse, os dois iam para a rua, mas que se o culpado assumisse a responsabilidade, o acontecido não chegaria aos ouvidos do patrão e que mesmo que chegasse, ele daria um jeito. É preciso esclarecer que o chefe tinha a fama de durão, mas que quando empenhava palavra, podia confiar. Dito e feito. O causador apareceu, e pior, não era nenhum dos dois que se atracaram. Era um pirralhinho que tinha por apelido "Guerrinha". Explico: ele tinha a mania de inventar coisas de uns contra os outros, ou chamar os colegas por nomes que esses não gostavam.

O motivo da briga?

No dia mencionado, Guerrinha passando por outro colega pergunta se ele ia comer o marmita, respondendo que sim, levou um soco do outro que estava ao seu lado cujo apelido era “marmita” por sempre levar bronca do chefe. Só que o concordante com a pergunta não sabia, porque trabalhava noutra seção.

Moral da historia. Nunca responder a uma pergunta sem tê-la ouvido direito, a troca do artigo "a" pelo "o" pode custar um soco.

É isso.

Categoria: Outras histórias

Autor(a): Silvio Lima | história publicada em 12/2/2007, no Saopaulominhacidade.com.br