Encanto na tarde...
E foi quando ela passou com seu talhe elegante,
esguio, debruçando seus cabelos sobre os
ombros, como ondas lépidas em finas areias.
Ela vinha segurando suas sandálias vermelhas
e pisando aquela estrada de terra batida que
em geral estava entregue à fartura do pó que
se levantava quando a manada passava nessa
estrada que agora se chamava Estrada da boiada.
Caminhando e pensando na beleza desse dia
ela não podia ver aquele homem que estava à
beira da estrada e coberto por uma sombra tão
escura quanto uma noite.
Se ela não sabia que ele estava lá...ele por outro
lado sabia muito bem que ela vinha chegando
e estava só esperando ela passar naquele gingado
que justamente lhe havia atraído já fazia tempo.
No que ela apareceu diante de seus olhos
ele assobiou baixinho a canção que já sabia
que ela iria gostar...E seu assobio afinado soou
para ela como uma flauta pan de Zanfir,,,,Então
ela parou no meio dessa estrada...que era toda ainda terra virgem...e que cheirava mesmo como terra de verdade...e não a saibro pegajoso.
Olhou com seus olhos negros bem no meioda sombra que cobria o homem como um manto...
e lhe disse:
Que pássaro lindo é você metido aí nessa sombra...
Mostra tuas plumas...porque você já viu as minhas.
Então ele se levantou e fincou seus pezões naquela
terra vermelha e barrenta,,,das últimas aguadas...e
logo perfilou seu peito para que ela visse seu porte
másculo e forte. Ele era dessa terra natural...e era
um igual... e não temia nada...nem a beleza dela,que
seus olhos grandes e claros como água-marinha
já iam devorando como se ela, depois de ouvir seu canto,
agora fosse a sua sereia escolhida...Houve um momento
em que os dois se olharam frente a frente...porque o hábito
dos dois era mesmo olhar sem medo de nada...
Até cobra olhavam de frente e a deixavam passar dentre
as pernas...
Eram dois indômitos....e eles sabiam disso...Então ele lhe
perguntou para onde ela ia...e ela respondeu apenas e sem
hesitação: vou em frente.Ele a olhou...e disse: eu também...
E naquele barreiro...que dava mesmo gosto,descalços, eles
seguiram o estradão.
O sol estava já dourando nas quebradas da serra.
Nambus-guaçus piavam nas touceiras do campo próximo
Xororós trilavam...E eles foram desaparecendo das vistas...
E só se via agora a tarde chegando ao fim, e dois vultos
sumindo... desaparecendo.
Então fiquei pensando....
Puxa...ele só queria vê-la passar, mas não
resistiu a seus encantos !!!
E ele tinha razão ...nem eu resistiria.
Hum...essas coisas...de mulher bonita !!!
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• Estória que fiz em 22-10-09 às 15.30 h – SP
• Lua nova – sol regular – 24 graus.
• Beijos e abraços para você...Boa quinta... [love]
• cseagull2@hotmail.com
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