É ISSO AI

É ISSO AI/

Os desmandos, a falta de vergonha e de ética fazem um redemoinho das idéias, até de pessoas esclarecidas e de alguma cultura e por isso os incultos e mal informados já não entendem nada de coisa nenhuma e se confundem com qualquer acontecimento diferente do dia a dia.

Iolanda Gusmão da Silva, vulgo Lalanda era uma sergipana simplória, que nasceu e se criou em uma pequena cidade do interior do estado, de onde até a idade adulta nunca saiu para lugar nenhum e como naquele fim de mundo as noticias não chegavam, ela raramente ouvia alguma.

Dos oito anos em diante, ela trabalhou duramente ralando macaxeira para uma fabrica de farinha e aos quinze anos se casou com um sertanejo pobre como ela e foi morar em um barraco no meio de um pequeno roçado e lá nasceram e foram criados seus quatro filhos e duas filhas.

Apesar das dificuldades, Lalanda levou as crianças a escola e quando cresceram saíram de casa e foram para a capital onde conseguiram trabalho e estudaram um pouco mais, todos se casaram e com o nascimento dos netos, Lalanda e seu marido se mudaram para lá para ajudar a cria-los.

Das novidades que lá encontraram, o que mais agradou ao casal foi a televisão, e ouviam atentamente as noticias, mas entender entendiam todas pela metade e por isso coisas confusas e divertidas aconteciam sempre; como o dia que Lalanda estava lavando roupas e entrou assustada em casa.

Ela disse ao neto: bichinho, lavei uma nota de cinco reais no bolso de seu avô, que faço agora meu Deus, o menino respondeu: me dá os cinco vó, eu seco no sol e depois gasto, ela se apavorou e gritou: não criança, é muito perigoso, tem gente na cadeia porque lavou dinheiro, sabia não?

A historia virou anedota e a família e os amigos riram a mais não poder do pouco entendimento de Lalanda, mas ela se defendeu dizendo: como eu ia saber que lavar dinheiro é trambique de políticos e bandidos como eles; ninguém me fala nada, como vou saber das coisas.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}