O Segredo (EC)
Sentia o cheiro de pinho e da grama orvalhada ladeando o caminho de cascalho. Havia o casal de mãos dadas no jardim. Ele, chapéu cor de palha, pescoço e rosto combinando com a calça verde clara. Ela, bolsa na mão, vestido musgo fazendo par com o terno do poeta.
Ouviu um som, seguido de instantes de torpor. Seus pés afundavam no mangue enquanto suas mãos seguravam nas raízes aéreas. Diminutos caranguejos fugiam em direção à margem para a qual ela seguia. Era tudo visão e cheiro. Até o cheiro dos dejetos em meio às touças de bananeiras trazia boa sensação. Não lhe chegara ainda o mundo de palavras para censurar os sentidos.
Novamente o som da campainha, não mais do interfone, e sim da porta do apartamento. Procurou ao lado da cama o controle remoto inventado especialmente para ela.
Num tempo diferente daquele do carrilhão da sala, enquanto a fisioterapeuta subia as escadas, sentira-se menina em meio ao sonho, caminhando para além do quadro na parede. Esse seria possivelmente o segredo, com que o cérebro lhe recontara passagem longa de vida em poucos segundos, o mesmo que contavam as pessoas que tiveram experiência de quase morte.
![](/usuarios/33436/fotos/372055.jpg)
Obra de Vincent van Gogh - Os Poetas no Jardim - Outubro de 1882
Este texto faz parte do Exercício Criativo “O segredo”
Saiba mais e conheça os outros textos, acessando:
http://www.encantodasletras.50webs.com/o_segredo.htm
Sentia o cheiro de pinho e da grama orvalhada ladeando o caminho de cascalho. Havia o casal de mãos dadas no jardim. Ele, chapéu cor de palha, pescoço e rosto combinando com a calça verde clara. Ela, bolsa na mão, vestido musgo fazendo par com o terno do poeta.
Ouviu um som, seguido de instantes de torpor. Seus pés afundavam no mangue enquanto suas mãos seguravam nas raízes aéreas. Diminutos caranguejos fugiam em direção à margem para a qual ela seguia. Era tudo visão e cheiro. Até o cheiro dos dejetos em meio às touças de bananeiras trazia boa sensação. Não lhe chegara ainda o mundo de palavras para censurar os sentidos.
Novamente o som da campainha, não mais do interfone, e sim da porta do apartamento. Procurou ao lado da cama o controle remoto inventado especialmente para ela.
Num tempo diferente daquele do carrilhão da sala, enquanto a fisioterapeuta subia as escadas, sentira-se menina em meio ao sonho, caminhando para além do quadro na parede. Esse seria possivelmente o segredo, com que o cérebro lhe recontara passagem longa de vida em poucos segundos, o mesmo que contavam as pessoas que tiveram experiência de quase morte.
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Obra de Vincent van Gogh - Os Poetas no Jardim - Outubro de 1882
Este texto faz parte do Exercício Criativo “O segredo”
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