O preço da fama
Ele estava no palco, fazendo os ajustes finais em sua guitarra Washburn, e se aquecendo para o show que estava por vir. Seu irmão já estava a postos, escondido pelos pratos e tons da bateria. Muitos assistentes andavam pelo palco, arrumando cabos, testando guitarras, ligando microfones.
Ele estava determinado a fazer uma boa apresentação. Queria mostrar aos fãs que sua nova banda seria tão boa quanto a anterior, e que seu talento não tinha morrido junto com o mundialmente famoso grupo de heavy metal.
Era um momento de muita reflexão para o guitarrista. No fundo de seu coração, ele desejava que a multidão ensandecida diante dele estivesse ali por gostar de seu novo trabalho, e não pela fama que ele e seu irmão já tinham.
O guitarrista sabia que muitos fãs estavam descontentes. A relação conturbada com seu antigo vocalista, declarações polêmicas na mídia, trocas públicas de ofensas. As músicas de sua antiga banda eram tidas como uma religião para muitos fãs, e para estes, tudo parecia ter acabado num passe de mágica. Entretanto, eles não sabiam que não era tão simples.
Seu vocalista estava afundado em drogas, o que o tornava violento e paranóico. Sempre tentava impor sua vontade nas composições, e se não era bem recebido, tornava-se grosseiro e agia com má vontade. Nem parecia o velho amigo que o acompanhava nos últimos vinte anos.
Mas agora, isso era passado. O guitarrista tinha um novo rumo para a sua música, e via no horizonte uma esperança de poder fazer as cabeças de seus fãs balançarem.
Enquanto estava absorto em seus pensamentos, o músico ouviu um barulho, gritos, correria. Parecia que alguém tinha invadido o palco. Ele se virou para ver o que era, e deu de cara com um homem, segurando uma pistola em sua direção, e gritando coisas sobre o fim de sua banda anterior, e como isso havia arruinado a vida do rapaz. Em seguida, o guitarrista apenas sentiu cinco balas atingindo seu peito e sua cabeça. Então, não viu mais nada.
Cenas comoventes se seguiram. Dois assistentes de palco tentaram, inutilmente, dominar o atirador, mas foram mortos. Um espectador pulou as grades de segurança, e tentou inutilmente prestar socorro ao guitarrista. Acabou sendo alvejado também, e morreu heroicamente tentando salvar seu ídolo. O episódio teve fim quando um segurança do evento atirou no assassino, acabando com a matança, mas não com o pânico.
O que passou pela cabeça do guitarrista no último momento, contudo, foi como sua banda, que nada mais era do que um grupo de músicos bêbados tentando fazer um som, podia ter mexido tanto com a mente de uma pessoa. Acreditou que este era o chamado “preço da fama”.
(Baseado em http://whiplash.net/materias/news_928/021325-damageplan.html )
Felipe de Meira Bulek