Diários noturnos - O escaravelho de ouro.
Conto 1)
O estalar do salto alto pela calçada era mais do que irritante aos seus ouvidos sensiveis demais. Por vezes pensava no porque de estar ali novamente, olhando o prédio imenso, perfeitamente produzido para a festa anual. Queria dar meia volta e voltar para casa, enfiar-se debaixo das cobertas e esquecer que hoje era o baile de formatura da faculdade. Ah, como sentia-se tola por usar um vestido rosa e sandálias com um salto tão alto que não conseguia imaginar como se mantinha equilibrada em cima deles. Os cabelos vermelhos como um tomate estavam cacheados e presos de forma que parecia uma cascata, a pele branca como porcelana lhe conferia um ar suave e angelical. Ainda assim, ela sabia que de angelical não tinha nada além do nome e da aparência. Angelique, que nome tolo sua mãe lhe dera, ela pensava no quanto as pessoas lhe olhavam de forma estranha quando ela pronunciava o nome. Pois bem, era hora de deixar isso de lado e adentrar o salão, esquecer os problemas por algumas horas e se divertir como uma pessoa normal. Tudo bem que não se sentisse parte integrante da sociedade comum, sabia que pertencia á algo muito maior. Talvez a adaga de prata embaixo do vestido fosse a prova viva disso.
(continua)
P.s.: Perdão pelo texto curto, mas prometo continuar a escreve-lo, por hoje é só esse poquinho.