EFEITOS - Lia Lúcia de Sá Leitão - 27/09/2009
As vezes falo coisas e nem penso nas bobagens que metralho tiros sem alvo certo. Fico indócil! Não respeito os ouvidos de ninguém. Seja a fiel companheira de escuderia,seja algum colega na bola da vez. Fico até sem graça, acredito que o leitor na minha posição entenda meu mau momento, pedir desculpas é necessário de um erro gravíssimo se bem que uma mentira é uma mentira, seja grande ou pequena mas é uma enganação e ninguém gosta de ser enganado. Pois é, dizer que não menti é mais uma mentirinha, todo mundo solta uma mentirinha nem que seja em centavos, mas, triste daquele que diga, olha gente eu menti pra vocês e prometo nunca mais fazê-lo, foi uma necessidade, eu queria poupar um constrangimento e criei uma situação mais confortável para todos ficarem bem. Hum, Loucura! Jamais façam uma bobagem dessa, de bobagem você passa a ser hipócrita! Eu bem sei o quanto dói.
Vocês sabem que a pessoa envolvida ou aquela pessoa que se tentou poupar de uma história dolorida ou amarga, a que se cria uma mentirinha para poupá-la de uma verdade nua e crua é a que mais se machuca e por incrível que pareça a quem menos perdoa e entende o motivo da mentirinha, e berra na cara da gente, não preciso de sua proteção nem de sua compaixão, ai o mentirosinho se lasca em bandas. O pior, a boca seca, os argumentos somem e o jeito é desculpar-se e assumir a mentirinha como se fosse uma mentira de desviar a rota da Terra.
Eu vivi uma situação assim: eu cai na esparrela de criar uma mentirinha, hum! Que inferno virou minha vida em menos de duas horas, abalou até meu relacionamento como se fosse um mentirão. PENSEM! Deu numa confusão que ainda estou sem entender se a culpa foi minha, se a indução para toda a briga doméstica foi criada por um colega que presenciou a desculpa esfarrapada que dei configurando-se numa mentirinha ou se tudo junto evoluiu para um vulcão em erupção de mágoas e acusações, culpas e desculpas e o colega com um sorriso sarcástico como quem pensava putz! Vou ver um relacionamento estável, feliz pegar fogo.
Odiei a situação, encurralada, humilhada, fui posta contra o muro pela amiga e companheira, quando vi a situação, recuei, procurei meu campo de estratégia de defesa, e me protegi pela metade, de um lado deixei levar tapas, do outro pensei na velocidade da luz, vou deixar me esmagar e ressurjo das cinzas como ama Fênix.E assim procedi, sentei-me confortável na cadeira, fiquei olhando a cena e busquei o tempo rolar.
As latinhas de cerveja, rótulos, líquidos, paçoquinhas, garfos facas, cadeiras, mesas, merda, mágoas de um passado que não dizia nada a ninguém, foram experiências minhas que ninguém tinha dirito de expor em mesa de bar, mas tudo isso foi feito por causa de uma mentirinha eu tive até parte de minha vida exposta em mesas molhadas com cervejas e stanheguer.
Enfim, tudo que passava na cabeça dos dois foram jogados em mim, na maior crueldade, nem amaciaram a vítima. Geralmente o verdugo dá o direito ao réu de última defesa, última refeição, última alguma coisa, eu ali, podia ter tido o direito da última cerveja, mas nem isso!
Eu estava mais desprotegida que uma criança nua na chuva, ele ria sarcasticamente, ela mergulhava de cabeça no redemoinho de intrigas que ele articulava não com frases ou raciocínios lógicos mas com palavras estratégicas que despertam naquele que tem ira um ódio ainda maior. Tudo porque num determinado momento eu falei que tinha mentido pequenininho pra ela.
Juro! Falei rindo e em confiança, menti pra você, mas foi mentirinha boba, até acreditei numa premissa de vida que adotamos, nossas discussões são nossas ninguém deve saber, podemos quebrar o pau em casa mas na frente dos conhecidos ou família ninguém deve saber o que se passa entre nós, sempre achei coerente essa posição que assumimos diante de nós mesmas. Alguns leitores me conhecem e sabem que não sou de brigas, faço qualquer negócio para evitar queimação de palavras, até cheguei a uma mentirazinha que deu numa confusão dos diabos!
Mas voltando a algumas reflexões: sempre acreditei que palavras são para construir, quando utilizadas para destruir, hum! O processo é pior que o resultado de uma chacina veja bem, defunto mau se enterra em cemitério distante e até coração de mãe esquece.
As palavras não, elas matam mais que tiro de revólver.e quem sofre agressões verbais virou mexeu, a cena volta, os papéis se recompõem a entonação da voz fica mais grave e as palavras mais ofensivas. O coitado que está sendo acusado, vilipendiado sofre integralmente mais uma vez no tribunal da memória toda a situação na íntegra.
A palavra tem tanta força que é capaz de uma situação dessa se transformar em pesadelo num momento de fraqueza ao ponto de imputar nas teorias Freudianas e ao divã nota zero.
As pessoas reagem vergonhosamente em seu âmago.
Não quero com essa reflexão justificar a minha mentirinha, mas quero deixar claro que as palavras ferem muito mais que a resvalada de quem criou uma situação de verdade paralela.
Quem nunca vivenciou de um lado bombardeio, do outro a indução, fala logo, que tens a esconder. A essa altura do evento o traste do mentirosinho passa a ser o infeliz réu da verdade, a escória, o único a não despertar confiabilidade no outro. É terrível, se eu soubesse que ouviria alto em bom som na mesa de um bar, não devia ter mentido, falasse a verdade mesmo que doesse, mesmo que não fosse boa, mas a verdade, e eu pensei cá com minhas fivelinhas, uma vez fui externar minha verdade diante do terror causado pela gripona H1N1 no México e diante do fato de uma pessoa que estava chegando dos Estados Unidos e provavelmente viria ficar hospedado no apartamento da fiel escudeira,
Hum! Foi um deus nos acuda, passei por toda sorte de acusação mais uma vez, até de interesseira, arrogante e levei um castigo, fui posta pra fora de lá, mas nunca sai de vero vero, sou meio sem vergonha e na minha cara dura consegui fazer o jogo de cintura, e foi dado um prazo, alguns chamariam tiro de misericórdia, eu digo, mais uma oportunidade de confiança.
Mas vocês leitores estão curiosos para saberem qual foi a mentirinha, pois, será que é necessário voltar o passado para ser julgada também pelos amigos?
Cada um de vocês está refletindo em silêncio alguma situação parecida como a minha e tentou enfiá-la debaixo do tapete, enterrá-la no quintal, deixá-la amarrada na árvore da esquina ou afogada na mesa de um bar.
Mas alguém vivenciar situação parecida, isso não é vergonhoso, na verdade o mundo roda, roda e roda mas, para no mesmo ponto e as pessoas mudam apenas os endereços, os RGs, e CPFs, títulos de eleitores e as mães, as situações de vida sempre são similares, não me falem que estou em elucubrações filosóficas, quem não passou por situação parecida que desligue a rede da internet no mundo e procure um quarto escuro para dormir porque o mundo apagou.
Ops! Não estou apontando ninguém! Mas quem nunca mentiu atire a primeira verdade que eu agüento sem reclamões. Mas, não convém falar na mentirinha agora, quero apenas demonstrar o meu sentimento de amor e ódio da situação que me ferrou.
Tudo porque sai na maior animação, crente que ia abafar, ia abrir a boca para botar pra fora toda a raiva que sentia de ter sido traída por um casal que considerava queridos e amigos. Nem tive tempo de dar um toque sobre o que eles fizeram comigo, a história inverteu e eu de vítima passei a ré, tudo por causa de uma mentirinha besta, dessas que nem adianta nem atrasa relógio.