A BUSCA DA ALMA PELA RENDIÇÃO

A BUSCA DA ALMA PELA RENDIÇÃO

Se houvesse a linha fina por onde ele caminha, se houvesse ele cairia?

Vislumbra-se na corda bamba, pendurando-se entre dois extremos. Tenta ver o fim da fina ponte pênsil para ignorar lados direito e esquerdo.

Para equilibrar-se, carrega um peso em cada mão. Mantêm as mãos, braços, paralelos aos lados que tenta ignorar.

Com o piscar dos olhos, a visão do caminho some. Mas há um caminho e existem dois lados.

Em cada mão um peso. Os objetos pesando e cansando a persistência.

Ele para na corda bamba do pensar. Pensa. Calcula quilômetros que já percorreu e o fio não o tem derrubado.

A cada perda nos quilômetros andados, se adquire um pouco do cansaço. O cansaço adquirido é mérito do titubear pelo caminho.

Piscar os olhos já não apaga a visão, já não é intervalo de descanso.

Estende as mãos mesmo com o desequilíbrio. O peso nas mãos contém espinhos. Mas entrega-lhe a flor.

Se aceitar, sente-se perdoado.

Se ela não despertar de seu sonho e aceitar a rosa com um sorriso, teria aceitado sua rendição.

Rende-se quando se é fraco para o caminho; redime-se dos erros com os espinhos fincando-lhe as mãos.

Se a alma dormente assente e aceita — dentro de seu sonho — o que foi necessário um caminho para dizer, então é perdoado. Perdoado, pode-se observar de longe, querer-lhe bem, aliviar seus temores e a alma vagueia pelo caminho sem saudades de um, sem remorsos do outro.

Victor Cartier (...)

Victor Cunha
Enviado por Victor Cunha em 21/09/2009
Reeditado em 22/01/2011
Código do texto: T1822272
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