A BUSCA DA ALMA PELA RENDIÇÃO
A BUSCA DA ALMA PELA RENDIÇÃO
Se houvesse a linha fina por onde ele caminha, se houvesse ele cairia?
Vislumbra-se na corda bamba, pendurando-se entre dois extremos. Tenta ver o fim da fina ponte pênsil para ignorar lados direito e esquerdo.
Para equilibrar-se, carrega um peso em cada mão. Mantêm as mãos, braços, paralelos aos lados que tenta ignorar.
Com o piscar dos olhos, a visão do caminho some. Mas há um caminho e existem dois lados.
Em cada mão um peso. Os objetos pesando e cansando a persistência.
Ele para na corda bamba do pensar. Pensa. Calcula quilômetros que já percorreu e o fio não o tem derrubado.
A cada perda nos quilômetros andados, se adquire um pouco do cansaço. O cansaço adquirido é mérito do titubear pelo caminho.
Piscar os olhos já não apaga a visão, já não é intervalo de descanso.
Estende as mãos mesmo com o desequilíbrio. O peso nas mãos contém espinhos. Mas entrega-lhe a flor.
Se aceitar, sente-se perdoado.
Se ela não despertar de seu sonho e aceitar a rosa com um sorriso, teria aceitado sua rendição.
Rende-se quando se é fraco para o caminho; redime-se dos erros com os espinhos fincando-lhe as mãos.
Se a alma dormente assente e aceita — dentro de seu sonho — o que foi necessário um caminho para dizer, então é perdoado. Perdoado, pode-se observar de longe, querer-lhe bem, aliviar seus temores e a alma vagueia pelo caminho sem saudades de um, sem remorsos do outro.
Victor Cartier (...)