Namoro antigo!
Sabe como eram os namoros lá pelos anos cinquenta aqui no Brasil?
Existiam coisas curiosas!
Os rapazes e as moças conheciam-se através do seu círculos de amigos, na vizinhança, numa viagem de férias, na faculdade ou no círculo familiar, através dos amigos dos irmãos , e por ai vai.No interior geralmente se conheciam na praça onde ficavam dando voltas , os rapazes para um lado e as moças para o lado oposto para poderem se ver de frente quando um passasse pelo outro.
Quando o casal começava o namoro, levava algum tempo para poder segurar a mão da moça, mais tempo ainda para colocar a mão no ombro dela, para beijar então, as vezes mais de mês.Assim depois do casal já ser reconhecido como namorado, era hora dele pedir a mão dela em casamento.
O namorado chegava meio sem confiança, porque a maioria dos pais eram bastante severos, já vinha logo uma porção de recomendações quanto as atitudes com relação a moça, pois ela não poderia cair na boca da vizinhança e ficar !"falada”.
E as comadres fofoqueiras não perdiam tempo não .Era só a moça desmanchar o namoro e começar a namorar outro rapaz , lá vinham elas contar que a garota já tinha namorado antes, que a viram se beijando no portão, etc e tal, ai o rapaz já ficava envergonhado, pois não queria assumir compromisso com uma moça “falada”.
E assim era.Muito diferente do namoro de hoje em dia, onde todo mundo fica com todo mundo, pelo que ouço falar.Chiii!-lá venho eu fofocar!
O pai de meu amigo tinha uma estratégia que o levava a aceitar ou recusar o pedido de namoro dos pretendentes para as filhas.
A moça convidava o rapaz para tomar um café com a família no dia do pedido de namoro, até ai, tudo bem, era uma maneira de conhecer a todos ao mesmo tempo, porém, na hora de servir o tal cafezinho que já vinha adoçado, visto que naquele tempo nem adoçante existia, o pai da moça mandava que servissem ao rapaz um café temperado ...com sal ....e para o restante dos presentes um café comum adoçado com açúcar.
O teste era o seguinte: Se o rapaz reclamasse do café , mesmo vendo que todos estavam bebendo sem reclamar, o pai concedia a mão da filha em namoro, caso contrário se o rapaz se calasse, ele já antevia que não seria um bom marido, pois não tinha coragem de se defender , quanto mais de defender sua filha.
Psicologias à parte, era o terror ter que enfrentar o pai da moça, muitos não se casavam por causa disso, imagina ainda reclamar do café da sogra? Nem morto!
No final dos anos cinquenta , quando eu tinha uns nove anos , um menino mais ou menos da minha idade ,que passava para ir a escola e as vezes me encontrava na porta de casa, me disse que ia falar com meu pai e pedir minha mão em namoro, eu disse a ele que meu pai ia bater nele de cinta.Nunca mais ele passou por aquela rua...imagina se ele ia se importar com simples café com sal, melhor foi falar da cinta mesmo!