PRÍNCIPE GUIDOM D’ALICATE - INFANTIL - Lia Lúcia Almeida de Sá Leitão. 8/09/009

Olá pessoal! eu sou Sapogil alguém muito interessante de se conhecer.

Sou na realidade um príncipe encantado, tenho um metro e noventa, sou forte, garboso, de cabelos hum.. não interessa, meus cabelos são do jeitinho que vocês imaginarem. Minha voz é tão sonora quanto os poemas que escrevo na beira da lagoa nas noites de lua cheia esperando a minha doce amada, a Sapinha do Brejo..

Possuo um cavalo, Al-cha-péu puro sangue árabe, suas curvas são tão perfeitas que nunca deixamos um ao outro decepcionado nas competições do castelo.

Hoje, continuamos um fazendo companhia ao outro, seja nas tardes de calor ou nas noites de frio, estamos sempre juntos, fiéis em tudo até na mesma sorte.

Certo dia eu estava montado em Al-cha-péu passeando nas florestas ao redor do meu palácio quando ouvi gritos de pavor, corri até o local, mas nada encontrei. Procurei pela proximidade a dona daqueles gritos e nada!

Voltei intrigado com aquilo e chamei a guarda do meu pai o Rei. Ordenei que fossem à procura de alguém perdido na mata.

Eles partiram imediatamente e passaram quase uma semana fora; ao retornarem trouxeram uma menina linda, cabelos lisos cor de ferrugem, pele clara, olhos negros como a noite, uma gracinha de pirralha.

 Senhor! Encontramos essa menina no meio da mata, ela não queria vim de jeito nenhum e deu um trabalho danado aos homens: tem gente com a cabeça quebrada de pedradas, braço inchado com mordidas, canela roxa com os chutes, olhe que ela é uma ferinha!

 Leve os feridos para a enfermaria e deixe-me cuidar dela. Como é seu nome?

 Não sei!

 Hum! Quer dizer que não sabe seu nome? Não faz mal, você se chamará Não sei.Você tem família? Eu só quero ajudar.

 Não careço de ajudas, só quero chegar ao Portal.

 O que é isso?

 Uma abertura encantada para o meu reino, eu não sou uma criança, sou Libélula, a rainha dos lagos azuis. Aqui eu não sou nada. Meu exército deve estar todo à minha procura. Se aquela coisa horrorosa que mora na montanha dos Limos não os prendeu ou enfeitiçou.

 Eu sou o príncipe Guidom D’Alicate herdeiro de todas essas terras e seu servo, fez uma mesura (e quase cai a armadura do corpo, voaram, espada, elmo, as luvas rodopiaram no ar e pimba! Cairam aos pés da menina que ria de todo aquele espalhafate.)

Ainda meio espantada com os últimos fatos e incrédula com o que via.

Ali estava a prova do que dizia o seu coração,: outros reinos existiam . Seu reino não era único.

 Em que posso servi-la, minha senhora? Retrucou mais uma vez o jovem príncipe.

 Ora! Deixa de besteira e leve-me ao centro da Floresta dos arbustos retorcidos e você me fará um grande bem. Você não percebe que estamos em pela transição para o terceiro milênio que a moda agora é a tecnologia? E você ainda perdido nas armaduras? Não vem que não tem! Não sou Dulcinéia de D. Peixote, não!

Ele parou, coçou a barba e pensou:.tecnologia, terceiro milênio, acho que essa Srta. D. Libélula bateu com a cabeça em alguma pedra! Isso aqui é só uma historinha. É certo,.que foi escrita num micro computador, mas longe de ser a produção tecnológica dos personagens da TV criado pelos japoneses para encher o saco com aqueles gritos e pulos e brigas!

Nada daquilo! Melhor mesmo ser um sonhador como D.Peixote.

O Príncipe, mais firme que nunca ordenou.

 Capitão! Reuna os soldados e vamos fazer uma viagem. Tragam a carruagem de minha irmã, selem Al-cha-péu e vamos sair dentro de meia hora.

Quando tudo estava devidamente organizado, a companhia partiu rumo para o tão comentado Portal Encantado.

Não sei por que a princesa Libélula estava tão carrancuda, mas afirmo que o jovem príncipe não deixava o sorriso,a brincadeira, puxava conversas, mostrava um bichinho ou outro na tentativa de animá-la.

Depois de quatro horas de marcha mata adentro, encontraram uma nuvem brilhante e transparente que ora acendia, ora apagava, para ser mais preciso; parecia com aquelas luzes minúsculas das árvores de Natal, só tinha uma diferença todas eram azuis, depois cor de rosa, depois vermelhas depois violetas, elas não se misturavam nas cores e nem nos brilhos, Longe da bagunça multicor das árvores de Natal e misturas das tintas. Era tudo tão milimétricamente correto que o próprio príncipe ficou espantado, então aquilo era a tal tecnologia!

Quando Nãosei o arauto do Príncipe aproximou-se da abertura, um exército muito bem armado chegou a apontar seus segredos bélicos para os visitantes, foi ela quem impediu.

 Não, Coronel Estoubatendoforte ele salvou minha vida, devemos a nossa gratidão. Façamos uma festa bem bonita e seremos bons anfitriões.

Ao passar pelo portal a menina emburrada e de beiço no cabide, virou uma linda princesa com gestos meigos e delicados.

O rapaz apaixonou-se imediatamente, mas não disse nada a ninguém. Simplesmente aceitou o convite para ficar e participar da festa, que seria realizada naquela mesma noite.

Enquanto os empregados e os cheffs de cozinha preparavam os quitutes e a decoração da festa real, os dois nobres saíram para um pequeno passeio no jardim.

O príncipe pensava:não tem tecnologia que substitua um passeio ao ar livre ou a emoção do amor.

 Libélula, os seus pais moram aqui com você?

Nesse instante, ela coloca as mãos no rosto e chora bem de mansinho, ele tira um lenço do bolso e enxuga suas lágrimas. Era um bom momento para pedi-la em namoro mas, achou melhor respeitar aquela dor.

 Não, Guidom D’ Alicate, meus pais estão presos naquela montanha negra! Minha tia, a irmã da minha mãe é uma mulher muito má, sempre teve muita inveja da minha mãe ter casado com meu pai e a vida dela foi praticar toda a sorte de maldade para separá-los. Dessa vez, seqüestrou os dois e transformou-me naquela menina malcriada e jogou-me no seu reino sem ninguém para me defender.

 Posso pedir permissão para ir até o Castelo Nigérrimo resolver essa situação? Sou o melhor em política estrangeira sei fazer acordos de paz.

 Não meu príncipe, ninguém pode com aquela bruxa má. Já estou conformada.

Todas as noites quando sinto saudades dos meus pais, sento-me aqui na borda do lago e canto uma canção bem doce. O nosso sentimento de amor é tão forte que ouço minha mãe e meu pai cantando comigo, tomando-me em seus braços como se eu ainda fosse um neném.

 Não tem perigo! Ela só não gosta deles, eu vou ser um mediador da paz.

 Está bem, eu concordo, mas tem uma coisa que precisa saber.

Nunca olhe para trás, não se deixe levar pelo canto das auxiliares de bruxas, não fale com ninguém que me conheceu, tudo pode ser muito perigoso para você.

Vou mandar Tertulio, meu fiel motoqueiro com você disfarçado de escudeiro..

O problema era Rudeloira, a tia invejosa e infeliz, ela transformou-se numa borboleta que planava de flor em flor, só para ouvir os planos que os dois estudavam para manter a paz.

AHAM! Quer dizer que os dois planejam paz! Vou dar um castigo naquele fedelho candidato a juiz de paz.

Ela deixou que todos os ajustes fossem feitos, o príncipe e o escudeiro , ops! Escudeiro não, motoqueiro! Partiram animados conversando sobre as diferenças entre ser moderno e ser tecnológico.

Sem mais, nem menos, quando os dois olharam para o céu, viram uma revoada de pássaros pré-históricos sobrevoando suas cabeças. Tentaram se esconder, mas não conseguiam, um bicho alado enorme segurou um e outro com as enormes patas e voou em direção ao castelo. Ainda estavam no ar quando a mulher berrou de uma das janelas.

 Vocês estão pensando que vão livrar os dois bobões do meu castigo? Estão enganados. Eu transformo Forisbela e Jovenbom em jogos de computador se vocês não abandonarem a idéia de paz, termino fazendo desse reino um programa de haker.

Fazia medo o jeito que ela falava.

A comissão de recepção do castelo toda aplaudia com gritos assovios e bagunça, era um horror!

Sem ter nem pra quê, ela virou-se e FRIBUM!

Transformou o jovem rapaz num sapo pululante e cantador, seu cavalo numa guitarra marrom e o escudeiro motoqueiro num pandeiro.

Consciente de quem era, o bichinho olhou para os pais de Libélula, deu uma cambalhota segurou a viola ajeitou o pandeiro e cantou.

 Enquanto eu for sapo,

serei Sapogil,

encantarei a lagoa de águas azuis

serei protetor de toda região.

Nos dias de lua, nos dias de frio, nos dias que vão

nos dia que vem.

Eu tenho uma guarda que vem pra salvar

Sapogil,

Forisbela,

Escudeiro, motoqueiro e Jovenbom

rei do reino encantado.

E essa bruxa malvada

Nada vai fazer no dia que o feitiço acabar

e eu liquidar a maldade

e a vida se transformar

numa linda festa.

Enquanto a bruxa pensava que o príncipe estava bravo com aquela mágica ele aprontava as mais divertidas brincadeiras. O povo mal começou a ver as cores do dia e as estrelas da noite.

O Sapogil cantava ainda mais alto, e essas mesmas pessoas passaram a sentir um perfume das flores.

Certo dia, quando a tia Rudeloira se preparava para a sua maldade final; destruir o amor que existia entre a família de Libélula, precisou do pelo de um sapo; o único que possuía um enorme trunfo de cabelos era aquela coisa gritante metido a cantor que ela mesma não sabia como desfazer o feitiço, pois o castigo era maior que a receita.

Saiu chamando.

 Sapogil! Sapogil! sou eu a rainha das noites silenciosas que deseja fazer um acordo de paz, já vi que não vale ser tão má. Quero pedir desculpas pelo que eu fiz e transformá-lo novamente no belo príncipe que és..

Ele, o Sapogil não era nada bobo, e já estava com a fórmula de desfazer os feitiços.

O aprendiz mor de bruxaria infantil apaixonou-se pela escrava das rocas e fez uma troca justa; um livro inteirinho de poema que anulava todos os encantamento.

 Vem me pegar coisa feia!

Foi um corre-corre, um derruba cadeira, sobe em janela, pula pula nas cortinas, saltita nos candelabros, esconde-se atrás dos tachos de caldo de algas verde, pega carona nas costas do morcego; um verdadeiro pandemônio.

Quando a bruxa velha cansou e caiu sentada esbaforida suando por todos os poros o Sapogil pula e acerta o braço da poltrona cheia de teias de aranha, ela tenta pegá-lo e tudo recomeça; mas a bruxa feia e má se entrega.

 Sapogil, ufa..ufa.. se você der um cabelo do seu topete eu dou a sua liberdade.

 E se eu pedir que você deixe todos em paz, e nunca mais volte a fazer o mal contra a família do rei Bonjovem?

E se eu disser que dou o meu cabelo você sai dessa história sem transformar ninguém em coisa do outro mundo?

Diga que promete sob pena de se tornar uma rainha muito boa lá no recato das fadas!

 Não! No recanto das fadas não! Eu prometo fazer o que você disser. O recanto das Fadas é castigo desumano para uma bruxa como eu.

Ele, o Saogil, puxou um de seus cabelos e entregou para a bruxa má. Sapogil esqueceu que todopovo malvado, gente que parece bruxa do outro mundo não tinha palavra. A bruxa correu para o caldeirão mas, o príncipe era tão generoso que ninguém queria o mal para ele e por isso o amor daquelas pessoas foi transformando as paredes negas do castelo em paredes coloridas, limpas, o castelo que antes era só bolor eca! Agora estava com perfume de jasmim, os jardins de espinheiros agora floria com margaridas, rosas, dálias, orquídeas, e outras florzinhas cheirosas e gramas viçosas.

Basta dizer que naquele instante a bruxa estava sozinha, todos os ajudantes sorriam, e abraçavam entre si, outros partiram para o reino de Libélula, finalmente eles encontram o bem.

Está claro o final da história não é?

Quando a bruxa joga os condimentos e o cabelo do sapo no panelão, o príncipe volta muito bonito, os pais de Libélula estão livres e ainda mais apaixonados, o reino passava pela euforia!

STROGUNOFREBUM SCHILOPOC SCHILIPOC! e a bruxa má transforma-se numa linda fada, e daquele momento em diante ela teria o compromisso de promover a harmonia da natureza e a alegria nos olhos das pessoas que estivessem tristes.

As pessoas voltaram passear no jardim coberto por relvas no lago Azul e para aumentar a felicidade dos que ali estavam, as crianças brincavam de pega pega, e no reino de Libélula acabaram os mendigos, crianças abandonadas, velhinhos solitários, e o mais importante o que era tecnológico pelo simples fato de ser moderno passou a servir aos homens jamais dominar os seus sonhos.

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Lia Lúcia de Sá Leitão
Enviado por Lia Lúcia de Sá Leitão em 08/09/2009
Código do texto: T1799014
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