Brincadeiras de criança

Brincadeiras

por odilpuques@hotmail.com

A infância masculina é dividida por tempos. Tempos de pandorga. Tempos de bolita. Tempos de bét’s. Tempos de varinha colada, de queimada, de carrinho, de esconde-esconde, de atacar, de balança-caixão. Quando tem menina, de passa-anel. Não, bola não vale. Essa o tempo todo nos acompanha, é parte intrínseca da nossa vida, se de capotão número 5, num campinho com traves ótimo, senão de plástico, de meia, na rua de terra, e os gols de chinelo. É rebatida, é quatro contra quatro, com goleiro, sem goleiro, não importa, o importante é que a bola nessa idade é mais importante que qualquer prato de comida. Quer a prova??? Cansei de ver guri apanhar porque não chegava em casa pra almoçar ou pra jantar pois estavam nos campinhos da vida. E assim é que é com qualquer guri, senão não é guri. Mas volvemos. Ninguém sabe como e onde começa essa onda das brincadeiras. De repente não se sabe como nem por quê toda a molecada de todos os lugares está brincando de bolita. É biróca, corridinha, de raia, de travessão.

- Limp’s.

- Mão colada.

- Catiça mula pitiça

- Mão Livre.

- Não dou nada.

- Pedi primeiro bobão.

- Hoje te rapelo até as cuecas.

-Só se for no sonho.

De repente perde a graça, que mané bolita o quê, é tempo de vento, vamos soltar pandorga. Era um tal de enroscar linhas, catar varetas. Depois bét’s.

- 1, 2, 3, 4....23, 24, vitória...

- Não valeu, o Tií não cuspiu na bet’s.

- Claro que cuspi.

- É mas não deixaram as bet’s cruzadas.

- Perderam a vez. Sifuderam.

De vez em quando tinha uns entreveros, se atracavam no soco.

- Ele que me inticou.

- Intiquei mesmo, que você é mariquinha...

- Quem for mais homem cospe aqui.

Dali a bem pouco tempo, todos estavam brincando juntos de novo que briga de guaipeca e de moleque não deve ser levada a sério, pois já já estão se lambendo.

Noitinha já, hora de voltar pra casa, pena esta maldita tarefa, professora infeliz, fdp, parece que nunca brincou na vida, onde já se viu ter que ir fazer contas a esta hora, bem agora que eu tava ganhando. Desgranhenta.

- Balança caixão.

- Balança você.

- Dá um tapa na bunda e vai se esconder.

Essas sim eram umas brincadeiras boas. Boa oportunidade pra se esconder perto da Pretinha. Ah se ela soubesse. Quase não me deixava dormir mais. Devaneios puros, sinceros. De trocar faquinha ??? Não disso eu nunca brinquei não. Obrigado.