Conto a dois

O céu tinha cor de cinza sujo bem escuro com nuvens vivendo em solidão. O vento levemente moderado zunia uma canção de desencontro que o acaso rege. A paisagem parecia esta compadecida da sua leve angústia amorosa. Não fazia muito tempo sentiu gotículas de chuva em seu corpo que parecia despi-la. O cenário propício para um melodrama. Seria ali que a história bonita e intensa que a princesa queria viver iria começar? Alguns dias atrás a história já começara. Em um desses sites de pseudo escritores casuais a princesa tem o seu primeiro contato com o príncipe em potencial. Ela gostou do que ele escrevia e vice-versa. Fez-se ali uma rotina de monitoramento cada qual em sua página. Escreveram coisas um para o outro. De Índia Cariacica a Sete Linhas que envolvem a rima. Coisa bonita mesmo. A afeição nessa altura já era mútua. O desejo também. Mas não foi no cenário bonito da prainha bem no pé do morro do Convento da Penha e nem antes disso que se encontraram. O desencontro, torturador dos amantes, reinava. Exatamente quatro luas depois, já entrando na quinta, ela passa e avista um sorriso que transcendentalmente já conhecia. O abraço rígido foi rápido. Sua voz gostosa de ouvir agora estava ecoando dentro dela. Suas pernas descompassaram-se e sentiu náuseas por um breve instante. Seu coração pulsando rápido bombeava mais sangue que o normal. Adrenalina pura. Tudo em dois ou três minutos. Ela sentiu que o potencial do príncipe aumentara. Coisa que foi pontuado melhor nos dias posteriores. Encontraram-se de novo na mesma semana. Conversaram um pouco mais do que aqueles dois ou três minutos passados. O bastante para vê-lo mais tarde, após a aula. O tempo foi generoso, os astros conspiravam ao seu favor e novamente estavam juntos. Andaram alguns metros em direção ao ponto de ônibus e entre faróis indo e vindo de ônibus, carros e motos o beijo aconteceu, rápido e intenso como tudo que é bom nessa vida.