O Amante

Silencio.Era tudo o que se ouvia naquela casa,as pessoas que estava na sala apenas podiam transparecer um olhar de horror umas para as outras.A anfitriã da casa permanecia de pé,branca como um fantasma com seu vestido vermelho vivo a contrastar com o tom de sua pele.Sua boca,permanecia semi-aberta por causa do horror da vista que lhe era proporcionada naquele momento.

Dias antes,aquele mulher de nome Dulce estava em parafusos tentando arrumar um vestido adequado para sua filha Margareth ir ao baile da escola.Não queria ouvir comentários das outras mães a respeito do jeito que sua filha estava trajada afinal ela era uma menina refinada,com longo cabelos negros como os da mãe e ondulados como os do pai,parecia a boneca que de fato era.Anita tinha sete anos e já se portava como uma dama,falava três línguas(não fluentemente é claro),dançava balé maravilhosamente e era um poço de gentileza,a mãe jamais tivera problemas com a linda filhinha(ou melhor chama-la de marionete?)que a obedecia e imitava com precisão.Seu outro filho,Marco,era julgado como delinqüente por toda a família,os amigos e conhecidos e isso tudo só por que não quis fazer faculdade de direito e preferiu subir numa moto para conhecer o mundo.Fazia seis anos que Marco não via a família,mas esses realmente nem davam pela falta do jovem e a pequena Margareth nem sabia de sua existência.

Dulce corria de uma loja para outra comparando preços(por ser muito fútil,estava atrás do mais alto),tecidos e cores enquanto a menina estava em casa com o pai que não havia ido trabalhar no dia.Por mais que procurasse,não achava nada ideal para sua menininha pura e delicada,até que entrou numa ultima loja que não havia procurado e o encontrou.

Era perfeito:branco,discreto,interessante e parecia ser solteiro.Seu nome era Matheo,era um italiano másculo que despertaria a atração de toda e qualquer mulher que por ali passasse(isso segundo Dulce).Conversaram durante horas e ela,por indicação dele,levou um vestido muito lindo,e caro para sua filhinha;depois de várias...sutilezas...Dulce prometeu voltar no dia seguinte para comprar alguns acessórios que combinassem com o vestido.E assim foi se sucedendo os encontros dos amantes,primeiro na loja,depois num bar perto até chegar ao tão esperado motel.Dulce e Matheo se amavam como dois adolescentes na flor da idade,experimentavam inúmeras fantasias,posições,acessórios e tudo mais que a mente pudesse lhes sugerir até a triste hora em que Dulce devia deixar seu garanhão.

Dulce não sentia a menor culpa quanto ao que fazia,seu pensamento era simples:se havia sentido atração sexual por outro,é porque seu marido não a satisfazia,e afinal das contas aquilo não era uma traição,afinal ela não amava Matheo e tinha certeza que esse compartilhava do sentimento puramente carnal.Aquele homem a satisfazia tão plenamente a ponto dela chegar em casa quase nas nuvens e desabar na cama tal era seu cansaço.O marido,Franz,nem desconfiava das aventuras da infiel esposa,estava mais preocupado com seus negócios do que para o que sua mulher e sua filha faziam.Mas apesar de Dulce estar tendo essa vida paralela,não deixava de orientar a filha,ser esposa comportada dentro do lar,cuidar das coisa e etc...

Os dias se sucediam rapidamente,a festa chegou e o vestido da pequena Margareth era o comentário da festa,o mais bonito o mais chique o mais caro,ou seja tudo mais.Margareth posava diante das amiguinhas com ar superior,mas logo entregava-se a sua meninice em meio a brincadeiras.Após o evento e os elogios,Dulce não sabia como ia fazer para encontrar seu “escravo”,já não tinha mais desculpa...por isso inventou a festa que,segundo ela,seria memorável e assunto de todas as colunas sociais da cidade.

Novamente voltou a loja para comprar outro belo vestido para sua bonequinha e claro aproveitou para almoçar com seu italiano...A tarde foi longa e intensa:carinhos,mordidas,amassos,suspiros,gemidos...e lá estavam os dois,como se tivessem acabado de lutar ferozmente por um grande troféu e agora o possuíssem.O sorriso em seus rostos já seria uma prova mais que perfeita para apontar o adultério de Dulce.E foi assim por uma semana e meia,Dulce resolvia tudo e logo em seguida caia nos braços de seu Hércules,chegava em casa cansada,dormia um pouco e voltava a ser a mulher fina que sempre fora.

A tão esperada festa chegou.Dulce estava aflita,sempre teve tudo muito bem planejado mas daquela vez a ânsia de ver seu amante a havia feito escolher as coisas com um pouco mais de pressa.Os convidados iam chegando e ela como boa anfitriã recebia-os sem demonstrar o menor medo,por mais que isso a consumisse por dentro.Tudo corria as mil maravilhas,inclusive a imprensa se encontrava no local,e a respeitada dona do lar sentia-se feliz com seu sucesso até que a pequena Margareth chega correndo e aos berros para contar a mãe sua descoberta.A primeira reação da mãe foi perceber o vestido que se tornara cinza por causa da poeira e o tom alto de voz da mocinha,sem dar ouvidos ao seu chamado em si,repreendeu a garota que tentava contar-lhe algo desesperadamente mas sem sucesso.Numa ultima tentativa louca Margareth sobe no sofá ainda de sapatos e levanta sua mão esquerda na qual carrega uma foto.

- O papai está nu!

Dulce e os convidados param e olham aterrorizados para aquela foto.Franz e Matheo eram amantes há nove anos.

Inari
Enviado por Inari em 27/08/2009
Código do texto: T1778540
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