Pedras

Preciso te contar do sonho que tive ontem depois de rolar na cama por uns 10 minutos pensando na vida.

Foi assim:

Lembro apenas que era um final de tarde como tantos outros, o sol estava indo embora, parecia estar sendo engolido pelo mar, no horizonte.

Eu, lá de cima, as pedras e o mar ... lá embaixo.

Do alto de onde eu estava, observava a praia, debruçada na mureta que me separava da paisagem. De tudo aquilo o que mais me atraía era o brilho das pedras e o veludo formado pelo musgo meio esverdeado que recobria algumas delas.... e o mar lá embaixo me hipnotizava, era como se tivesse me chamando, estava a frente de um despenhadeiro.

Continuava, debruçada naquela mureta branca ainda quentinha do sol que já estava indo embora, observava atentamente as benditas pedras longe do meu alcance,escutava o barulho das ondas batendo nelas, sentia o cheiro da maresia ...mais... e as pedras? Porque me atraiam tanto? estava adorando a sensação daquele lugar ,fiquei ali parada, olhando pra elas !

Pela minha cabeça , passava uma vontade danada de descer e andar sobre elas.

Tentada a ultrapassar a tal mureta que me separava do meu objeto de desejo, as pedras , pensava em como seria bom chegar ate lá embaixo e sentir a frieza da água e a força das ondas em meu corpo, ah...mais e as pedras? A lisura delas, sua temperatura fresquinha , o lodo macio...

Lembro que alguém estava ao meu lado, lembro apenas da sensação de ter alguém do meu lado e que pela advertência que fez aos meus desejos tão insanos de descer aquele despenhadeiro, parecia ser minha mãe.

Não a via, mais sentia a presença e sentia o mesmo carinho que sinto por ela.

Continuei lá só pensando e observando a paisagem , com as duas mãos apoiada no queixo , com uma vontade louca de descer, caminhar por elas, sentir a temperatura da água.

Aquela vontade era mais forte que eu, a brisa do mar que soprava no meu rosto parecendo de longe me chamar pra descer.

Então de repente sem pensar muito, num impulso rápido, sentei-me na mureta que me separava das pedras, desci... me lembro do prazer que senti quando descalça senti a temperatura quentinha das pedras e do susto que tive quando levei o primeiro escorregão antes de me equilibrar novamente .

Em pé , braços abertos , tentava manter o equilíbrio rindo , me sentindo como um pássaro

Escutei uma voz aflita chamando por mim : MIRANDA !!!! era esse o meu nome? acho que sim ! afinal olhei imeditamente para tráz...e mais uma vez fui chamada pelo mesmo nome bem diferente do meu .

Olhei pra trás ,rapidamente, me desequilibrei, era minha mãe aflita me chamando ( meu nome era MIRANDA então ! )

Só me lembro que olhei pra trás , porque reconheci a voz da minha mãe , senti o pé escorregando , o desequilíbrio

Uma sensação estranha ,estava caindo ...rolando para o mar...enfim iria encontrá-lo, no meio do caminho , na aflição que sentia em saber que era o fim, descia , descia...não consegui chegar até as águas...

Acordei, assustada e até com falta de ar

Ai caramba ! Eu estava ali, na minha cama e nunca tinha saído dali...

Bella do bem
Enviado por Bella do bem em 13/08/2009
Reeditado em 20/03/2010
Código do texto: T1752010