Pessimista, velho e indolente
Pessimista, velho e indolente
A cabeça dói. Os ossos tremem. As coisas boas, pelo que tudo indica, os ventos já levaram. Só a dor coincide com que vejo, ao contrário de aqueles que considero tolos pensam. Tudo é morte sobre o manto da tranqüilidade. Observe bem: aquela jovem esbanjando energia. Quem olha rápido pensa que é felicidade, mas não passa de uma inexplicável euforia. Continuo a sentir o tornozelo, frágil e ranzinza, ao passo em que as costas também doem, de forma progressiva, junto à cada momento em que, do cigarro, cai a cinza.
Minha face flácida não sente falta de cada célula que falece. Os segundos passam, enquanto o tédio me corrói, num ritmo degradante de quem não faz algo bom porque não quer. Para alguns, minha apatia significa algo desconcertante, mas para a maioria é questão de não ser mulher. Nessas horas em que noto todos os problemas e cogito as soluções, sabendo que independente do que seja esse algo, conheço o fato de que tudo necessita de ações, hipocratizo-me com o o ato de nada fazer, detendo-me na falsidade de só falar de emoções, enquanto a vida passa e todos esperam algo, ao mesmo tempo em que só reclamo de minhas dores.
Finjo não reparar que todos reclamam de meus odores. Permaneço sentado à borda da mesa, sem nada fazer. Apenas lamento o sofrimento, não financiando o acontecer, para então fingir que tive uma revelação, algo mágico, que me dissesse como sei mais do que pareço conhecer, de forma tosca, a me enganar, quando a verdade é que fiz nada além esperar algo ocorrer.