O menino... E o mar.

... O mar agitado... O frio cortando a face... O sol de final de tarde não dava conta de aquecer o menino...

Olhei... Avistei, de longe, um sonho nublado...

Ele corria, como quem solta pipa... Olhava e sorria... Volta e meia, virava-se em minha direção... Eu não estava lá... Não da maneira que conhecemos...

Eu era outra... Outra dimensão, à parte...

Olhei ... Observei cada veste...

Do preto casaco pesado... Às botinas e meias grossas... Os suspensórios... As calças-curtas, não de propósito... O menino crescera, além do previsto...

Tinha as palavras mais cruas... Honestas, tal qual um sopro...

O respirar ofegante... As vontades marcadas pelos "nãos" que recebia...

Estava diante do mar... O que importa?!... "Que os raios solares aqueçam-me"... Assim, era o seu olhar...

Nas mãos, um objeto sagrado... Afeto!... Procurou, em todas as ressacas, a reposta, daquele dia em diante...

Dormiu... Ao ver a lua... Foi criatura... Foi criador de atitudes...

Guardei-me, por alguns segundos, no ato que se apresentava... Não eram palavras... Eram cores... Um caleidoscópio de amores...

As mãos, pequeninas, abriam um sorriso... Trêmulas, mas com propósitos firmes... Enrolaram o papel seleto... Tão apertado, quanto foi possível... Colocou o bilhete eterno na garrafa e fechou a mesma com uma rolha fixa... O sal a encharcaria... A sua expansão não permitiria que o papel fosse violado...

Ali dizia: "Venha para mim"...

Quem diria... Que seriam palavras tão suas... Um pedido para um eterno retorno... O retorno a si... A procura indefinida da outra parte que lhe completa...

Olhei em volta e, mais uma vez, ele fitou-me sem pressa...

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