___ARMADILHAS DA INTERNET__
Como revelar a verdade quando não há nenhuma
a ser revelada.
Naquela noite Camila chorou a dor latente em seu
peito.
Se esqueceu por completo da razão e mergulhou no
fel da angustia.
Sua mãe que ha dias notara o comprotamento estra-
nho adentrou o quarto exigindo explicação.
Camila em sua fragilidade apenas chorou sem nada
dizer.
Quando o dia clareou todos em sua casa estavam em
pavorosa.
Mas foi seu pai que lhe cobrou explicações, num fio
de voz ela revelou sua gravidez de quase sete meses.
Seu joão se sentou zonzo com tal notícia, como pode-
ria ser verdade se nem namorado ela tinha.
A mãe para apaziguar os animos preparou um chá e
os serviu.
Quanto mais explicação exigiam dela, mais ela chora-
va.
Sua irmã assistia a tudo calada, conhecia bem os pais
conservadores e não queria estar na pele de Camila.
A mãe visivelmente descontrolada agarrou a menina
pelos cabelos exigindo o nome do sujeito.
Trêmula e apavorada Camila apenas chorava compulsi-
vamente.
Seu João com voz de trovão exigia que ela revelasse a
ele o nome do sujeito, como seu endereço.
Camila sentiu medo, vergonha e se calou guardando
para si seu obscuro segredo.
Desde daquele dia a paz se ausentara daquela casa, cada
qual ficara em seu mundo amargando a frustração.
Certa noite Fernanda adentrou o quarto de Camila e a
chamou baixinho.
Camila deu um pulo da cama, falando ainda baixinho
sua irmã disse, querida temos que conversar.
Os olhos de Camila se encheram de água e ela disse,
há nada o que fazer maninha, fui burra e infantil.
Com seu jeito carinhoso e doce Fernanda prosseguiu,
precisa desabafar, se libertar desta dor, não é bom para
o bebe.
Fragilizada Camila abraçou Fernanda e acabou confes-
sando.
Que por quase dois meses havia saido com um cara da
Net e por um lapso de sanidade se esqueceu por com-
pleto de se previnir.
Fernando havia se preparado para tudo, menos para
aquilo que ouvira e ficara martelando em sua cabeça.
Como contaria a sua mãe, como dizer que o pai daque-
le bebe jamais saberia de sua existência.
Era muita mordernidade para todos criados em meio
a uma educação rígida e convencional.
Pigarreou como se assim fosse possível ter alguma opi-
nião concreta sobre.
Camila estava disposta a desabafar, já não suportava
mais guardar para si seus dissabores.
Contou a sua irmã que o conhecera num chat de bate
papo, que sairam várias vezes e foram a alguns moteis.
Que tudo que tinha dele era um nome, um cel que não
mais atendia a ligações e uma vaga idéia de onde mora-
va e sua profissão.
Fernanda sentiu pena e ao mesmo tempo raiva das ações
de Camila, mas poderou seu julgamento.
O dia já começava a clarear quando Camila enfim dor-
miu, Fernanda sorrateiramente saiu do quarto.
Foi a cozinha aonde sua mãe preparava o café, não con-
taria a verdade em sua absoluta essência.
Quando a mãe a viu começou o interrogátorio, Fê se li-
mitou a dizer, mãe o pai do bebe é casado mesmo, mas
morreu a alguns meses atrás.
A senhora de face marcada pela vida soltou um palavrão
queria acreditar, mas algo em seu instinto dizia haver
muito mais.
Se calou com medo e por uma razão gritante em seu
ser resolveu enterrar aquela história.
O inverno havia chegado rigoroso e numa fria madru-
gada Camila deu a luz a um menino.
Seu João ainda estava magoado e decepcionadado mas,
ao ver aquela criaturinha seu coração se abrandou.
Aos poucos a vida retornara a sua rotina, as vezes
Camila pensava em Rodrigo e tudo que haviam vivi-
do.
Mas a lição havia sido por demais dura, hoje ela ti-
nha o bebe que em muito se lembrava o pai, como
terrível algoz de sua inresponsabilidade.
Nestes momentos ela agradecia pela generosidade da
vida, porque ela poderia ter contraido uma dst, hiv e
mesmo assim fora agraciada com aquele bebe.
Fernanda porém alimentava em seu íntimo a necessida-
de encontrar Rodrigo.
Para ela era inconcebivel que aquele serzinho crescesse
orfão.
Mas não poderia interferir na lei da ação e reação, cabia
a ela somente orar para que um dia a vida se encarregas-
se de uni-los novamente.
camomillahassan