AFOR MIGA

Era um lindo formigueiro, cheio de formigas robustas e trabalhadoras, as formiguinhas viviam pra lá e pra cá com folhinhas, farelinhos de pão, tikinho de comidinhas para abastecer a vida na comuna. Sempre as formiguinhas se comprimentavam quando passavam umas pelas outras, e tinha uma especial, AFOR MIGA, essa era uma gracinha, tinha perninhas grossas e era toda rechonchudinha. Amava ouvir a música das cigarras e o canto dos passarinhos. Quando as amiginhas procuravam-na para a lida diária nunca a encontrava, ela já estava escondidinha na barranquinha do laguinho olhando o movimento de todos os viventes do formigueiro.

Um dia, um menino muito mal pegou a mangueira que aguar o jardim e enterrou na saida principal onde todas a formigas entravam e saiam para trabalhar ou passear.

O menino caminhou até a torneira e pimba! Abriu o registro sem dó, parecia que tudo seria alagado pois o jato era forte e nada ficava em pé, as folhas das gramas cediam, curvavam e tombavam, as pedrinhas rolavam, os galhinhos enganchavam nas folhas que pegavam um remanso que nem rio em enchente. O menino ria e pulava pensando que tinha inundado todo o formigueiro, mas não sabia ele que a sociedade das formigas existem os exércitos que se unem numa hora de perigo e defendem a todo custo a vida, e esses formigões se juntaram e conseguiram fechar a passagem principal daquele jato forte e devastador.

Afor Miga assustou-se porque nunca viu tamanha agitação ds seus parentes e maior crueldade daquele menino. Correu entre as folhas das graminhas, desviou as pedras, subiu nos barrancos e conseguiu chegar na sandália, subiu com algum esforço porque já esava cansada de correr e alcançou a pele branquinha do pé, mas pensou que ali estava vulnerável, escorregou mai um pouco e conseguiu se encaixar entre os dedinhos, aprumou bem as mandíbulas fortes, nem sentiu o cheiro de chulé, e sem dó deu-lhe uma baita mordida que ficou presa na pele e com as perninhas quase raspando o chão.

O menino gritou, seus olhos se encheram de lágrimas, ele meteu o pé na água achando que ia aliviar a dor, mas só ajudou Afor Miga conseguiu se soltar, nadou até o outro lado do jardim,pegou uma carona nas costas de um besouro e voltou para o formigueiro. O calombo assustou a mãe do menino que já não sabia o que fazer para ter sossego com a eletricidade da criança, achou por bem tirar-lhe as roupas, deixá-lo nu, puxar a mangueira e banhá-lo na água fria para acalmá-lo.

A mordida coçava, as formigas sorriam e mesmo alvoroçadas passavam a ordem da rainha, subam até onde conseguirem

pelas pernas do praguinha e mordam sem dó a pele branquinha. O menino espesinhava a pedra do quintal e as formigas atacavam sem medo de ser feliz, o menino chorava e a mãe gritava lá de dentro da casa, se você sair dai me leva uns bons tapas, não tem quem aguente suas diabruras, molhe os pés e espere por mim, vou pegar um sabonete, toalha e roupas de dormir.

A mãe xingava a obrigatoriedade imposta pela Escola de deixar o filho em casa mais de mês por causa da gripe n1h1, logo aquele que tinha uma saude de ferro! O menino além de mordido na revolta das formigas sabia que estava de castigo e às 16 horas já estaria arrumadinho para tomar o leite, comer o pão com manteiga e queijo e passar direto para o berço..

Lia Lúcia de Sá Leitão
Enviado por Lia Lúcia de Sá Leitão em 02/08/2009
Reeditado em 02/08/2009
Código do texto: T1733047
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