O Tempo de Vicari - 2 de agosto de 2009
Tempos de Vicari, nem sei o que quero com esse título, fui pesquisar na Wikipédia e descobri que é uma cidade italiana secular, como o escritor tem liberdade de criação, posso criar o real enganador, assim estabeleço a necessidade de escrever despertando no caríssimo leitor a curiosidade e em mim o poder da criação sem estilo. Seguro a mão do leitor e peço um pouco de atenção, cochicho na orelha com voz aveludada de quem seduz, venha, leia, apaixone-se e deixe um comentário feliz, divulgue aos amigos meu conto de Vicari, preciso de público leitor, note caríssimo, não minto, preciso mesmo!
O tempo em Vicari é tranquilo, parece servir apenas para marcação do relógio da Igreja secular no sentido quase horário, as ruas cortam sobrados preguiçosos e a tranquilidade só é quebrada pela voz de taquara rachada de uma mulher que canta na janela do último andar de um prédio quase em ruinas. Olhei como quem reprova as aberrações naturais, homens com duas cabeças, cobras sem veneno, venenos vencidos, perfumes que enjoam e homens que passam a noite nos bordéis e só bebem coca cola e ainda se arriscam com a polícia portando um baseado natureba de canabis e se dizem intelectuais entupidos nas cuecas furadas, camisetas brancas com casaco xadrez cobrindo até os joelhos a surrada calça jeans. Vicari merece tudo de bom pelas vinículas, dizem que as regiões de bons vinhos também são premiadas com salames e queijos fama de qualquer comuna italiana.
Vicari como qualquer local seduz pelos exagerado temperamento dos romanos.
Anos de reza e cânticos estridentes das matronas carolas pedem pelas filhas virgens e padres bonachões e rosados olham pelos cantos dos olhos as meninas rechonchudas prontas para o matrimônio.
As mulheres solteironas recheadas de peitos e bundas se cobrem nas suas vestes coloridas acinturadas e nas saias semi plinçadas marcando a idade vencida e aborrecida de vontades que ainda clamam intensamente no silêncio das velas por um herói que ponha abaixo a famingerada virgindade, mendigas das benesses celestiais pelo marido viril termômetro do casamento feliz e recheado pelo atraso das horas. Alimentando fetiches e favorecendo o prazer orgástico que jamais servirá para o aumento populacional mesmo embolando sobre as camas com colções de pena de aves e forrados com lençóis de linho brancos.
A aproximação de Palermo dá para sentir o cheiro das algas do Mar Tirreno.
A brisa sempre traz o furtum do charuto de algum avô que olha o campo como quem vê Roma e o Papa acenando para a mutidão de peregrinos.
Dois jovens sentados no banco da praça se beijam sofregamente e o rapaz deslisa sob as coxas da menina a mão afoita. Três freiras vestidas em hábitos negros atravessam a rua e passam em frente o casal de namorado que se degustam em beijos. As freiras olham, balançam negativamente a cabeça uma para a outra. Apressam o caminhar mas não escondem a inveja.
Algumas crianças correm de um lado para outro numa gritaria musical afinando a voz para a futura apresentação no coral da Prefeitura.
Um cachorro uisque deitado na relva da praça quase é atropelado pelas freiras. Depois de um latido abafado na direção das esposas da Igreja, abana o rabo e coça uma pulga na pata esquerda traseira, eu como autora desse continho sem estilo queria a pulga na orelha mas seria muito complicado explicar o bicho roçando a cabeça no chafariz, tudo por que teria que descrever até a textura da pedra e a bibliografia do arquiteto que idealizou o chafariz.