__SOFRIMENTO É OPCIONAL__
Marcela havia engolido o orgulho, engavetado
a vaidade.
Fechou os olhos por alguns segundos dando
profundo suspiro.
Com a postura ereta e o olhar vazio subiu as
escadas com passos firmes e decididos.
Adentrou o pequeno ambiente fedico e o avistou
numa mesa.
Mordeu os lábios enojada e caminhou até ele.
Ao ve-la ele deu sonora gargalhada, era de se es-
perar a recepção nada calorosa.
Firme por fora e dilacerada por dentro ela o inti-
mou.
Fazendo uma careta ele se levantou jogando sobre
a mesa as cartas do cartiado.
Um homem truculento o segurou, antes que o sujei-
to usasse a força física ela atirou sobre a mesa um
maço de notas.
Ele riu sarcasticamente e antes que a situação
ficasse insustentável ela o puxou em direção a
porta.
Desceram as escadas em silêncio e alcançaram a
rua.
Foram caminhando em silêncio, cada qual com
sua amargura, algemados por suas incapacidades.
Adentraram a viela e chegaram a uma casa em
ruínas.
Ele se deitou no velho sofá com cara feia e pediu
uma cerveja.
Marcela cordial abril a geladeira e o serviu.
Naquele momento ela se indagou seria sofrimento
opcional ou destino.
Mas já estava tão cansada e co-dependente daquele
homem que nada mais lhe importava.
Em sua dependência emocional a única certeza que
ela tinha era que deveria salva-lo de seus vícios.
Mas se esqueceu de se salvar da servidão dos
sentimentos destrutivos.
camomillahassan