O PÁSSARO AZUL

Esta noite eu tive um sonho muito estranho.

Sonhei que dentro do meu quarto voava um pássaro azul.

Ele era lindo, lindo. Tinha um bico comprido, parecido com os bico de um beija-flor. Mas não era um beija-flor.

Ele tinha um brilho que clareava meu quarto inteiro.

E falava. Vinha ao meu ouvido e dizia coisas.

No sonho ele me encantava com as palavras que dizia.

Eram palavras que eu sonhara a vida inteira ouvir.

Ele voava, voava e eu voava junto. Com meus pensamentos que o buscavam.

Meu coração batia forte porque o pássaro era encantado. Trazia consigo mil mistérios do passado.

Eu sabia o que estava guardado e o pássaro também conhecia tudo.

O sonho era algo repousante e excitante.

Como todo sonho bom que se preza ele tinha com ele aquele ar de coisa etérea.

Eu navegava no sonho e também ia às estrelas com o pássaro. Visitava cavernas, campos em flor. Cavalgava. Patinava no gelo. Andava de bicicleta e apostava corrida. Andava na neve e me banhava num sol maravilhoso numa ilha paradisíaca.

Ao seu lado eu provava tudo que meu ser ansiava.

Ele era um pássaro tão lindo.

Podia me carregar em suas asas porque no sonho eu não tinha peso.

Assim se passaram os minutos de meu sonho. Minutos que pareceram séculos.

De repente o pássaro encantado que tanto prazer me proporcionava mirou meu peito com seu bico afiado e o penetrou.

Profundamente ele me feriu de morte e enquanto morria, eu o olhava.

Ele também me olhava e no seu olhar eu via um amor tão grande.

Era o pássaro da libertação? Era a morte que me buscava? Era alguém do passado que voltava?

Eu morria e o olhava. Ele já não falava.

Mas seu olhar dizia que me amava. E que por isso me levava.

Soninha

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 16/01/2005
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T1726
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