Saliente
Me disse quase numa outra língua:
“Apaga a luz pra eu te ver melhor!”
Jogou dinheiro na minha cara
E pediu minha língua que não fadigava,
Que o conhecia.
“Me molha, me seca.”
Minha pele arrepiada na palma de sua mão,
Era ainda assim, macia.
Palma com palma.
Suor.
Cabelos colados.
Cabelo na boca.
Olhos nos olhos.
Minha boca ensaiou gritos
E calou na dele.
Lutou por fôlego.
Já nos braços de Morfeu,
Balbuciou que me amava.
Juntei o dinheiro, coloquei de volta na carteira.
Me recompus num banho, bem longe do que eu merecia
E fui ver as crianças no outro quarto.
Tempo seco da alergia na Maria Eduarda.