Nostalgia
Domingo chuvoso, acordei no táxi voltando de uma viagem, que na verdade, não fora muito boa. O motorista, observando-me pelo retrovisor, sorriu simpático, por algum motivo aquilo me assustou.
Paramos no farol e em meio ao vidro embaçado, consegui reconhecer o lugar, perguntei-me por instantes se poderia ser a lembrança de um sonho, mas embora estivesse escuro, sabia que já havia estado ali, talvez mais que uma vez.
Ah sim, lembrei-me. Está tão diferente agora. Aquele parque onde costumava brincar quando criança, fora substituído por um edifício de luxo, quantas saudades!
O carro tornou a andar.
Continuei me lembrando dos momentos naquele parque. É engraçado o fato de ás vezes, eu me esquecer completamente do presente e da incerteza do futuro para prender-me naquele maravilho e distante passado. Descobri que era feliz e não sabia. Tamanha desilusão.
Por onde andam aqueles amigos? Será que ainda vivem? E se vivem, será que vivem bem? Que saudade deles. [Lágrimas]. Lembro-me de cada um deles como se fosse ontem. Será que eles também se lembram? Tolice, é claro que não.
Comecei a me sentir desconfortável, o motorista continuava a me olhar pelo retrovisor. Com a cabeça recostada no vidro, tentei ficar mais á vontade, mas o medo me dominava.
Diante daquela situação constrangedora, comecei a lembrar-me da minha infância, onde meu pai era meu herói e de como eu me sentia segura em qualquer ocasião. Queria poder me sentir daquela forma agora, queria meu pai ao meu lado de novo, queria poder lhe contar isso.
Ah se eu pudesse voltar no tempo...
De repente o carro parou, estava em frente ao meu prédio. O motorista já não me assustava mais. Enxuguei meus olhos úmidos, paguei-o e desci.
- Tenha uma boa noite. Ele disse.
E agora faz parte do meu passado.