O ANDARILHO

Introdução

José de origem pobre sempre teve ilusão de ser rico, passou por muitos conflitos e atribulações, até se tornar um Serial Killer. Na sua infância, queria ser jogador de futebol profissional, porém seu caminho o levou há um caminhar sem rumo. Esta é uma História fictícia, onde se passa em uma prisão com detentos em situação especial. Uma Advogada com doutorado em psicologia, tenta descobrir e ajudar José, neste intercâmbio de declarações de ódio, tristezas e sofrimentos.

Primeiro Capítulo

José ele dizia, minha história começa quando comecei a dar por mim como andarilho. A advogada ouvia seu depoimento atenciosamente.

Minha mãe muito pobre me falava em estudar, trabalhar, ser alguém na vida, não queria a vida miserável que tinha como faxineira, mas minha meta era jogar bola e não ligava para mais nada somente a bola e eu. Desde pequeno sonhador e ecoado pelas ilusões do mundo, queria ser um homem rico. Tinha algum talento não vou dizer extraordinário, porém não era o que muitos profissionais são realmente: Artistas na bola.

__José você já sofreu algum espécie de abuso? Perguntou a advogada:

__Sim por meu pai, era alcoólatra e por causa da bebida eu sofria as conseqüências todos os dias. A psicóloga anotou em uma prancheta, e fez com que continuasse, indicando com a cabeça lentamente.

Quando tinha dezessete anos, vi que não tinha tanto talento no futebol, foi que meu mundo caiu por terra, e de repente sentimentos de angústia e desespero vieram em meus pensamentos, foi muito duro descobrir isso. Foi aí que começou a andar sem norte? Perguntou insistentemente à psicóloga e Advogada.

___ Não isto faz há vinte anos atrás. Tive um filho com uma mulher depois de alguns anos e casei por imposição de seu pai. Não tinha como sustentá-los, mas fui honesto e dedicado até certo período, depois de alguns anos comecei a beber todos os dias. Minha mãe tinha morrido por meu pai a facadas e minha vida tomou outro rumo andar...

Foi por isso José?

___Sim doutora foi exatamente por isso.

Nossa primeira conversa termina por hoje Ok!?

___Tudo bem! Mas você não vai querer escutar o resto?

___Temos tempo pra isso em outro dia.

Foi envolvido pelas algemas por um carcereiro e colocado em sua cela. Pegou seu caderninho e anotou o seu depoimento. Já era noite e todos os detentos estavam dormindo. Como era simpático, José continuava com sua luz acesa pelo atendido pelo carcerário que tentava lhe ajudar de alguma forma, sabia de seu potencial e a pedidos dele, deixava-o que ficasse até as três horas da madrugada, apagando em seguida. Seu sonho agora era ser escritor e por muitas vezes escreveu seus rastros, mostrando as imagens, por onde passava na sua caminhada sem fim. Depois de preso resolveu escrever sua história, para que outros com os mesmos problemas saíssem ilesos e não cometesse nenhum crime, por motivos externos ou internos. A psicóloga era única pessoa que dialogava e se sentia com alguma utilidade na vida, depois de muitos anos no inferno.

Todos os dias Alissa sua advogada conversavam entre uma hora até as duas. Estudiosa Psicológa e catedrática na área socio-emocional, tentava achar respostas para uma tese através de José, um andarilho criminoso um Serial Killer propriamente dito, aparentemente normal. Ele pensava no horário da conversa das treze horas, seu pensamento só vinha nesta direção. Achar respostas pelo qual se transformou. Alissa tinha trinta e sete anos, madura e experiente em personalidades e psicoses, sabia fazer uma análise clínica só através da observação do interlocutor, seu modo de falar, gesticular. Sabia que José não tinha nenhuma destas características, pelo qual não o denunciava como um criminoso, por isso fazia o que fazia; desvendar um mistério.

Relatos de Olinda

(Segundo caderno de anotações)

Cidade de Olinda muito bonita, pelo seu nome já indica tal veracidade e beleza. Meus pés estavam calejados até chegar à cidade, já não tinha água em minha garrafinha. Tinha um pão e um pedaço de presunto. Enquanto olhava o mar descansando e tranqüilo, pessoas me observavam, tentando compreender pelos meus trajes já castigados pelo uso. Tomava banho pela noite no mar, quando não tinha ninguém. Sabia que a comida estava acabando e deveria pedir como sempre faço, colocava meu boné que me tampava do sol, e moedas caiam de vez em quando. O dinheiro que ganhava só dava para comida e um chinelo para caminhar.

Trigésimo Primeiro Dia na Prisão

Acorda satisfeito e vai ao refeitório, eram oito horas e estava com fome. Seguia a fila ansiosamente, era seu primeiro mês naquele inferninho pelo qual falava com alguns que simpatizava, apesar de ser discreto em relação a amizades. Muitos o olhavam com medo ou apreensivo, mas José não dava bola e ainda ficava tranqüilo em relação a brigas. Carlos um detento que ficava na cela ao lado, comentava algumas disciplinas e atitudes sobre as tribos da cadeia, simpatizado pela sua pessoa. Não queria saber o motivo de sua estada naquele lugar maldito, somente percebeu algo surpreendente nele, a sua inteligência e elegância. Depois da refeição foi para o pátio tomar sol, alguns o olhavam com raiva, principalmente os tatuados, mas José sabia se impor. Treze horas, pensou, depois de alguns instantes estava na sala autorizada.

Alissa se mostrava alegre, nunca demonstrava a gravidade dos fatos.

__Oi doutora tudo bem!?

__ Sim e você!?

__Estou cada dia melhor, nossa conversa esta me deixando animado.

Ela deu um sorriso confiante e liga o gravador enquanto sentava na cadeira pequena.

___Podemos conversar?

___Sim senhora!

___ Vou contar de um até três no três, você começa. Tudo bem!?

Ainda adolescente meus anseios e frustrações mais tarde foram martelando-me ao ponto de não querer conversar com ninguém da minha mesma idade. Minha mãe despreocupada comigo por ignorância que agora acredito, e afazeres não via tais situações em sua volta. E meu pai abusava sem pena e sem dó e ainda batia em minha mãe. Não falava, pois sabia de sua maldade onde, podia perder minha mãe e minha vida.

___Me fala mais sobre seus sentimentos, quando você soube que seu pai tinha matado sua mãe e você se vingou:

Aquele miserável, sua expressão facial mudou bruscamente. Não poderia ter feito aquilo! Eu tentei de todo jeito dizer para minha mãe sobre seu caráter, porém não tive tempo para salvá-la. Uma de muitas brigas meu pai bêbedo depois de uma violenta discussão, enquanto minha mãe via televisão, ele cortou sua garganta e ela foi morrendo aos poucos agonizando.

___Quando você soube e quais foram seus sentimentos?

Soube depois de alguns dias meus sentimentos eram de tolhimento, desespero e ódio, disse olhando fixamente em seus olhos.José era tão elementar que mesmo relembrando detalhes e momentos passados pelo qual qualquer um fraquejasse continuava confiante, ainda se mantinha uma postura indecifrável.

Alisa percebeu este seu atributo e fez uma outra pergunta:

___Porque depois deste incidente, começou a matar alcoólatras nas cidades por onde passava?

___Para sentir um pouco de paz. Cada bêbedo que matava tinha um alívio em meu ser.

Houve um silêncio naquele instante somente voltou depois que os pombos sobrevoaram para outro lugar do pátio da prisão. Com um gravador ligado também anotou em sua prancheta e imediatamente prosseguiu com outra pergunta

___Você se acha mal?

___Não doutora, minha vida me levou há isso, agora entendi alguns porquês de meu comportamento obsessivo, mas não me considero uma pessoa má.

___E desequilibrado? Você se acha desequilibrado? Repetiu:

__Você acha que colocaria frases em cima de frases como estes detalhes, sendo louco?

Ela deu um sorriso demonstrando que entendeu seu pensamento e disse:

__Bom por hoje é só!

__Tudo bem doutora, disse de cabeça para baixo. Ela virou seu olhar para o relógio e ele insistiu.

__Doutora, será que podemos conversar mais algumas horas?

__Não José, não tenho este privilégio. Ele mexeu à cabeça, consentido e foi levado a sua cela pelos carcereiros.

Parte não contada em Olinda

O bêbedo estava encostado em uma árvore urinando, coloquei minha mochila na frente e fui a sua direção, ainda estava de madrugada. Em um golpe certeiro cortei sua garganta, ele caiu no chão e foi uma morte súbita. Depois limpei o facão no mar e saí do local. José anotou em seu caderno, separado da história que iria contar. Pensou a madrugada inteira e pensava que toda a maldade que sentia pelos alcoólatras era devido ao seu pai, porém não entendia profundamente seu pensamento.

A noite na prisão parecia hoje ser longa e seus pensamentos de medo, tolhimento, surgiu depois de algumas horas.

Na casa da Advogada e Psicóloga

Alissa em sua casa pela noite, tentava descobrir o quebra-cabeça querendo montá-lo, tinha que descobrir o porquê de sua psicopatia não ser demonstrada em seus atos e no seu olhar. Isto a deixava encabulada, pois conhecia vários com os mesmos distúrbios e ele era indecifrável, apesar de contar tudo que sabia, ele era único, pensava enquanto tomava um chá. Ouvia várias vezes sua voz no gravador e sentimentos que vinham com eles, não sentia algo que o comprometesse, porém, sabia da sua personalidade criminosa e desregrada. Alissa acorda pela manhã e prepara seu café matinal, pega alguns papéis que anotara pela madrugada e sai para o fórum, discutir entrevistas feita com José aos seus superiores.

Um rapaz de vinte e cinco anos, estuprador foi morto por dois policias na prisão de Varginha, parece ser enforcamento, mas tudo nos indica que foi assassinato. O repórter demonstrava ansiedade e José percebeu que tudo era mentira conversando com Carlos ao seu lado dizendo:

__Ele foi morto pelos próprios presos e a polícia está tentando abafar o caso, colocando sua culpa no cartório. Carlos olha em seus olhos e vê a sua imaginação fazer sentido. José sempre ficava na biblioteca quando não estava trabalhando, estudava livros e mais livros para analisar, sua imaginação no livro proposto.

Estava na hora do almoço, à fila já estava andando fluentemente e vê Carlos gesticulando os braços para que sentassem juntos no canto, indicando com o dedo. Pega sua bandeja indo a sua direção um pouco alegre. Uns dos tatuados estava alguns metros de distância vai também a sua frente. José não mostra medo. O segurança vendo o pior corre e afasta os dois acabando com o contato físico.

Eram doze horas e quarenta e cinco minutos, José estava na cela esperando a chamada do carcereiro.

Oi José ela já ela está te esperando.

__Tudo bem.

Ele abre a cela e pede-se para que vire, colocou as algemas e foi levado. Havia um corredor comprido, o chão estava impecável de limpo. Dava-se para ver o sol entre as janelas entre abertas pelo qual transpassava andando. Passou em várias salas para chegar a uma saleta.

__Oi Alissa como você vai, bem!?

__Estou bem, como você passou o dia?

__ Há espera deste momento. Ela deu um sorriso e ele sentou na cadeira com mesmo entusiasmo.

__Vamos começar hoje diferente, você vai me dizer somente sentimentos esporadicamente, que vierem em sua cabeça, tudo bem pode ser assim?

__Posso começar?

__Pode!

Perfeição, animosidade, declarações, suspeitas, Deus, Diabo, relações.

Está bom José já deu.

Eu nem comecei e você quer que eu pare?

__É porque você foi direto em que eu queria saber.

José olhou em seus olhos calmamente e disse:

__Você acha que sou psicopata e ainda não achou a resposta que queria.

Alissa não deu parecer de sua pergunta em seu comentário e perguntou em seguida:

__Abrindo o jogo para você José. Eu te acho diferente de outros que fazem o que você fez você não aparenta o que você fazia. Resumindo você não parece ter algum distúrbio, mas ao mesmo tempo sim.

__Doutora eu tenho como mudar meus hábitos pelo qual me envolvi?

Alissa agora olha em seus olhos meigamente e diz:

Pelo que vejo de você, sim. Só depende descobrir algo para que se liberte e é para isto que estou aqui. José deu um sorriso e sentiu novamente aquele sentimento reconfortante. Na biblioteca tentava descobrir como escrever um livro sem ser simples e nem complexo, para que sua vida fosse posta a vista de todos, sabia que iria sofrer pressões, porém decidido iria até o fim e também pudera pensava, teria tempo para isto. Sua vida agora fazia sentido aliado ao dom que Deus lhe dera o dom da fala, somente deveria descrevê-los no papel. Alissa sabia de seu propósito para escrever um livro, mas não poderia interferir em seu ideal, pois entendia que deveria fazer isto sozinho. A ironia do destino às vezes é cruel agora fazia bolas de futebol profissional. Isto já não o deixava triste, pois sabia exatamente de seu novo ideal e isto o deixava feliz em renascer com ideais que agora era profundo em sua vida. O sol era para ele um momento de somente ele e Deus, em uma desculpa pela sua culpa que agora sentia. Ele se mantinha confiante em nenhum momento chorou ou reclamou de sua vida dentro da cadeia, pois sabia exatamente por que estava ali. Alissa sabia de seus pensamentos e entendia não com dó, pois ele não manifestava este sentimento para quem que fosse. José tinha trinta e cinco anos. Antes de estar na cadeia lia livros de cordel e algumas literaturas que achavam jogados pelo caminho. Todos estavam guardados e era para ele uma de suas referências. Aquele silêncio o deixava tranqüilo alguns detentos ficavam conversando mais ele se isolava em um canto para não ser incomodado.

Relatos em Recife

Suas praias eram de espantar suas águas com tonalidades diversificadas o deixava tranqüilo, enquanto banhava seus pés em um canto da praia, pensava na imensidão do Brasil. Apesar do cansaço seus pensamentos naqueles momentos eram de prazer e gratidão por ter andando tanto para chegar onde estava. Isto para ele era incrível, mas quando o sol abaixava seus pensamentos mudavam de direção à procura de um bêbedo. Apareceu um entre uma rua perto de um bar, esperou que se distanciasse do lugar para decepá-lo. Foi em sua direção e um golpe o Homem tinha morrido, fez o sinal da cruz como sempre fazia e saiu.

Quarenta dias na prisão

Acordou pela manhã sete horas, ele tinha um relógio que ficava entre seu travesseiro e a parede. Bateu com um copo na grade para que Carlos acordasse, pois queria dizer-lhe algo. Foi em vão seu colega tinha morrido pela noite. Seu coração tinha parado por que era cardíaco e o calor desenvolveu uma parada. José sentiu a perda de seu amigo, pois era o único que conversava dentro da cadeia. O IML chegou para levá-lo para fazer a autopsia e seus sentimentos foram com ele na maca. Agora sabia que iria ficar só, porém não tinha medo e ia continuar exatamente quando entrou na prisão sozinho.

Como foi seu dia hoje José?

___Estou meio triste, mas a vida é assim, um morre e outros nascem.

___Porque seu amigo que você me fala morreu?

___Sim hoje pela madrugada.

___E quais foram seus sentimentos em relação a esta perda?

___Já não sinto mais nada minhas inspirações e sentimentos foram com ele

Ela olhou em seus olhos e pela primeira vez vi-os tristes. Alissa sentiu que realmente José era uma incógnita e deveria tempo para descobrir a fundo sua psicopatia e seu grau destes sentimentos. Depois de alguns minutos depois do silêncio que surgiu disse:

___Você podia ler o livro que estou começando!

___José eu não posso levar nada daqui, é uma norma da prisão.

___Então eu posso falar.

___Me diz qual será o título do livro?

___Ainda não pensei vou deixar que ele mesmo tome seu rumo.

___Então por hoje acabou novamente.

___Amanhã eu lhe digo sobre o livro!

___Tudo bem! Estarei ansiosa para ouvi-lo.

Quando voltou para o corredor o sol pelo qual batia em seu rosto, ânimo deu-lhe para prosseguir em seu propósito pensou enquanto andava.

Depois de algum tempo neste mesmo dia José não foi à biblioteca queria pensar sobres sua vida refletir. Pegou um livrinho e começou a decrescer sua personalidade:

Logo em seguida, viu que tinha muitos atributos que o levaram a cometer crimes, porém mesmo muito inteligente não entendia porque daquilo tudo. Ele só tinha uma resposta que o levaria a sua conclusão: Alissa.

Segundo capítulo

José estava triste pela perda de seu amigo, Alissa tentava animá-lo no que podia. No fundo ele queria ser diferente e não o mostro que tornara. Tinha conhecimento de algumas teorias e ideologias básicas, mas a sentimental ainda estava por vir. Sua maneira de andar e gesticular era uma espécie de máscara que possuía, pois no fundo era frágil como uma garça que perde um filhote. Seus pensamentos em alguns dias depois de sua morte, fizeram-no pensar na vida que tinha lá fora, a incrível e magnífica liberdade. Sofrimentos e lágrimas caíram em seu rosto castigado pelo sol, mas uma chama indestrutível estava em si; os pensamentos em realizar algo, para a diminuição de sofrimentos pelo qual mesmo sentia em suas entranhas. Cada dia de cada vez e ele compreendia isso e por mais angústias e limitações seus sentimentos em relação à vida fazia sentido naquele momento na cela. Ficou desenhando algo para descontrair e por sinal saiu uma águia, símbolo da eternidade pensou consigo. Treze horas, estava sentado esperando Alissa chegar e depois de alguns segundos lá estava ela, sempre bem vestida e modesta. Sentaram-se juntos e o assunto seria diferente falar sobre os pensamentos depois da prisão. Alissa queria saber sobre seu julgamento perante a sua vida quando saísse:

Bom meu sonho é ser escritor estou estudando a fundo isso em meu ser, a vida não é fácil concluiu, mesmo na cadeia as coisas giram para que nós nos reflitamos a respeito de nós mesmos a vida é um joguinho você não acha?

___Bem José, ganha o vencedor você concorda?

___Sim exatamente disse abaixando a cabeça.

Alissa percebeu que José agora estava sentido a prisão realmente os sentimentos sobre ela e a vida pacata de pessoas comuns. José aos pouquinhos estava mudando como também sua postura. Alissa apesar da pouca idade e tantas informações a respeito de pessoas era uma moça ainda jovem. Bonita, olhos verdes e pele rosada. José sentia certa atração por ela, mas seus pensamentos em mudar eram maiores com sua ajuda, do que o sexo propriamente dito.

Desvendando sua personalidade

Todo conteúdo que adquirira com este tempo lhe deu certo começo para entender José. Não era totalmente mau, tinha qualidades e defeitos comuns, mas uma mestria em simulação quase imperceptível. Sentia dores profundas de sentimentos gerados pela sua infância, como que o acompanhasse durante sua vida toda. Alissa ficava em dúvida sobre seu distúrbio, pelas crueldades que fez, mas ainda tinha esperança em vê-lo são. As pessoas no seu meio de relacionamentos, principalmente seu marido tentava impedir e insistia para que acabasse com o caso, mas ela queria ir até o fim. No fundo de tudo que percebeu José tinha uma saída de voltar novamente aquele menino com sonhos, mas agora idealizados com os pés no chão.

Passeio em Rio de Janeiro

Copacabana cantada por aquela música de Tom Jobim, tudo estava claro, eram nove horas da manhã pelo qual cortava do norte a sul, calor, sorvete das crianças, e eu ali no mar, observando tudo. Na minha imaginação tudo era belo naqueles instantes até chegar à noite e me transformar em algo que não estava em mim. Caminhei alguns quilômetros até chegar ao Rio, eu estava em São Paulo antes e para ironia fixei meu pano grande espécie de virol, entre uma árvore e outra e os policiais impediram coisa que não acontecia lá. No outro dia já que não encontrei nenhum bêbedo fui para Leblon, demorei algumas horas para chegar ao bairro. Lá pela noite também não encontrei nenhum e fui dormir. Pela madrugada ouvi uma voz:

___Oi, por favor, deixe-me dormir aí do seu lado?

Olhei para seus olhos assustado e vi que tinha achado o que queria e respondi:

___ Claro pode deitar aqui! Enquanto se abaixava fui pegando o facão. Como todos com um golpe certeiro. Arrastei seu corpo até o mar e limpei o facão para não ser percebido, lembrava de uma vez que os policias quase o prendeu devido àquela arma, mas esperto disse que era cortador de cana e passou despercebido.

Na prisão em Entrevista

José voltava ao seu estado de antes durante alguns meses depois da conversa com Alissa. Voltou ao maestrismo e as gesticulações apropriadas de um homem que possuía o que pensava. Alissa anotou este procedimento em um caderno, descobriu que aquela atitude era uma fuga de seu amigo morto. Inconscientemente queria voltar o que era, mas devido ao seu ego desvirtuado não percebia este fato. Atravez de perguntas e situações de olhares José entendia sua maneira de se comunicar e qual era seu erro exagerado, que somente os dois percebiam.

Como está sentindo na prisão?

___Voltei o que era antes.

___Já percebi este detalhe.

___Porque você acha que me tornei psicopata novamente.

___Não exatamente, um pouco mais retraído talvez.

Olhares de sinceridade foram trocados e Alissa continuou:

A falta de alguém que nos é caro, nos torna frágeis às vezes e na prisão não é fácil sentir vigor depois de uma perda.

José abaixou a cabeça e uma lágrima caiu em seu rosto, não se conteve desta vez. Esta marca ficará em sua história pensou Alissa sentida e gratificada, de tê-lo tocado na raiz daquele problema, e ele superar seus próprios limites, como ser humano que agora voltava a se tornar.

___Há muito anos que não sentia isso, disse enxugando a lágrima em seu rosto com uma blusa. O guarda chega e disse que o tempo estava espirado.

Voltou para sua cela e logo em seguida teria o café da tarde, às quinze horas. Estava só ele e algo que somente acreditava na fé de conseguir: a liberdade. Os tatuados estavam ouriçados para brigar principalmente o mais forte, conhecido como avalanche, uns dos chefes da tribo. Não abaixou a cabeça, o tatuado olhou para o guarda e ele indicou com a mão para que abaixasse para ficar onde estava. Alguns deles já presenciaram à solitária daquela prisão onde ficavam dias sem comida e sem água, onde era coberto de água do esgoto até o pescoço. José prosseguiu seu caminho a uma mesa para tomar seu café de misericórdia. O tatuado no canto olhava torto para José, fingia que não era com ele as insinuações e vivia assim, dias após dias, até que compreendessem que não iria ferir ninguém. Avalanche ainda não tirava os olhos nele, mas os guardas estavam à espreita para qualquer movimento na cadeia.

Bom esta História foi contada por mim, minha vida permanece fixada agora nela, eu José ainda estou na cadeia. Alissa fez um doutorado baseando nas entrevistas que me foram impostas. Ela morreu tem dois anos e ela ficará em meus pensamentos como um anjo, que deixo aqui em sua memória neste livro aqui exposto. Ela me mostrou a vida que nunca tive, e quando eu sair desta prisão passarei adiante estes ensinamentos como neste livro já editado. Ele é simples devido a minha pouca cultura e informação, mas valeu a intenção em escrevê-lo. E deixo aqui uma frase que aprendi com ela. “Olhe por onde pisa se pisou numa pedra não cometa este ato novamente, pois ela poderá se transformar em algum obstáculo mais adiante”.

Escrito pelo escritor Marcos Leonel.

FIM

Ogen
Enviado por Ogen em 25/07/2009
Código do texto: T1718492