"MALDITO KOFI - ANNAN" Conto de: Flávio Cavalcante

Maldito Kofi Annan

Conto de:

Flávio Cavalcante

Diz o ditado popular “QUANDO O DIABO NÃO VEM, SEMPRE MANDA O SECRETÁRIO”. Pois, este maldito secretário sempre chega na hora errada e em locais inapropriados.

Aqui relato a história de Mane Jão, conhecido pela população de sua cidade, por SUÌNO, nome vulgarmente conhecido, um nome explicitamente carinhoso atribuído pelos amigos mais íntimos do lugar.

Mané Jão, é um tipo de homem pacato. Sujeito calado, que anda cabisbaixo e não encara ninguém ao se dirigir a palavra. É notório na face do homem, que é excluído do grupo, por lhe achar estranho. Um patinho feio fora do ninho. Assim ele se achava e ficava cada vez mais entristecido quando via todos seus amigos brincando uns com os outros. E ele pra não ficar de fora, tentava uma aproximação. Fazia várias gracinhas pra ver se chamava atenção. Brincadeiras sem graça, que ao invés de aproximar a turma. Afastava-se um por um assim que ele se aproximava.

E assim o tempo foi passando e Mane Jão, entrava cada vez mais numa profunda depressão. Em determinadas noites, teve que tomar algumas pílulas de calmante para dormir. Assim levava a vida e cada dia que passava era um tormento na labuta daquele rapaz.

Jão era um tipo de funcionário exemplar, nunca faltou em suas obrigações e tão menos chegou atrasado no ambiente de trabalho, mesmo estando enfermo. Mas a sua mesa com seu material de trabalho era afastada de todos. Era de não entender o porquê daquele destrato com aquela pessoa que apenas tinha manias estranhas e nada mais.

Uma das brincadeiras de Jão era liberar gases sonoros na frente de qualquer pessoa que se aproximasse dele. E pra ficar de bem com a turma ele sempre acusava alguém de ter afrouxado a pregas do rabo. Brincadeira sem graça nenhuma. No final somente ele que caía em gargalhadas e acabava ele mesmo ficando sem graça.

Ele gostava de tomar uns porres de vez em quando. Todo mundo sabe que quem tem problema de flatulência, depois que bebe, o primeiro músculo a ficar frágil é o músculo do carretel anal. Com Jão não foi diferente. E pra surpresa de todos esse foi o pior dia da sua vida. Jão bebeu além das contas no domingo, mas foi tanta cachaça que no dia seguinte ele ainda tava chamando Jesus de Genésio e cachorro de cacho.

Era por volta das oito horas da manhã e Jão já havia chegado mais cedo no trabalho. Ele costumava ligar um radinho portátil que ficava sempre exposto em sua mesa e envolvido com aquela música suave que o radio tocava, o dito acabou adormecendo por cima dos papéis de sua mesa.

Acordou com os berros de seu chefe que não agüentou ver aquele abusado dormindo praticamente em cima da mesa de seu trabalho, quase fazendo os documentos da empresa de cobertor.

O mico que Jão cometeu naquela hora era algo estarrecedor e por certo jamais ele iria esquecer aquele dia.

A barriga de Mané Jão mais parecia uma orquestra sinfônica tocando músicas desencontradas. Suas vísceras faziam barulhos em tons diferentes e desafinadas. Provavelmente um aviso pra ele se preparar para uma maratona até o cagador mais próximo. Algo já o incomodara, pois tinha comido algumas guloseimas pela manhã que não tinha feito muito bem para o seu estômago. Vai ver que foi ainda o efeito da cachaça do dia anterior.

Se contorcendo de tanta dor, chamou a atenção de vários funcionários do estabelecimento que pedia insistentemente para ele ir pra casa. Jão, não atendendo as lamúrias de seus colegas insistiu em ficar o dia todo daquele jeito.

No final do expediente, já era mais de seis horas noturna e todos os funcionários já se preparavam para ir embora. Jão não via a hora que aquele dia fosse embora depressa. No final do dia lhe restou um monte de gases acumulados e ele saiu desviando dos colegas de trabalhos para não ser motivos de algazarras. Estava ele liberando umas flatulências tão mal cheirosas que nem ele mesmo estava conseguindo agüentar e a reação de tapar o nariz com a mão era de imediato.

Dizem lá no interior que uma laranja não dá pra ninguém, mas um flatulento desse e quando sai quentinho, pode ficar certo que vai dar pra todo mundo e ainda vai sobrar pra alguém que chegar por perto.

Outros chamam de Kofi Annan. Engraçado é que tem o mesmo nome do secretário da ONU, aliás, Maldito Kofi Annan. Ele é o único que consegue desmanchar uma reunião da ONU, esse flatulento também pode. Como diz lá interior, esse consegue derrubar até reunião de testemunha de Jeová.

Nem a gripe suína é tão contagiosa quanto ele. Pois prepare-se pra saber o que aconteceu com nosso amigo Jão.

Finalmente ele conseguiu sair da empresa ileso. Chegou num ponto de ônibus em frente ao seu trabalho. Vez por outra olhava as horas no relógio preocupado que as cólicas viessem o atormentar novamente. Já passava das seis horas da noite. Finalmente o dito ônibus chegara e Jão de longe já havia percebido que se tratava da sua condução. O sorriso estampado no rosto demonstrara a sua felicidade de poder ir pra casa; mas, pra sua surpresa, estava lotado e ele quase não conseguiu entrar no coletivo.

Empurra daqui, empurra dali e finalmente ele entrou mais espremido do que parafuso em madeira de lei. O frio naquele começo de noite era intenso e a garoa não passava de forma alguma. Todos os vidros do coletivo estavam fechados e por causa da respiração dos passageiros notava-se um certo embaço e não se conseguia ver o que estava se passando lá fora.

Finalmente o ônibus dá a partida e depois de todo sofrimento, Jão conseguiu estacionar preso á um monte de gente. No balanço, Jão percebeu algo de errado com a sua barriga que já deu sinal de um barulho estranho e cólica. O balando e freadas de vez em quando estava deixando Jão suar frio em pleno inverno. Com as mãos grudas ao ferro de corrimão á cima da sua cabeça, Jão fazia as mais horrorosas caretas, chamando a atenção de velhota que estava em pé também imprensada do seu lado.

A velha olhava para Jão e ria contida, pois pensava ela que se tratava de um cacoete. No meio da viajem sofrida, Jão sentiu aquela vontade enorme de soltar uma flatulência e pra não fazer tal façanha ele pressionou uma perna na outra fortemente, mas chegou uma hora que não teve jeito e o maldito Kofi Annan saiu por entres as pernas de nosso protagonista e contaminando as ventosas de todo passageiro. A reação foi de imadiata. Os murmúrios foram intensos, as janelas do coletivo começaram a se abrir e os sortudos que estavam sentado do lado da janela enfiaram a cara chuva para se livrarem do gás venenoso, levando chuva na cara.

Ouviu-se uma voz no final do ônibus, “EITA FEDOR DE OVO PODRE! QUEM TEM UM CÚ DESSE DEVIA SER RICO”. Jão desmontou de vergonha naquele momento e pra tentar se livrar do flagrante deu uma olhada arregalada e firme para a velha do seu lado a acusando da façanha, a aqual retrucou de imediato “NÃO FUI EU NÃO”. Aliviado pela resposta da velha achou ele estava livre de qualquer acusação; mas o mar realmente não estava pra peixe e por azar dele, o maldito Kofi Annan, saiu quente e trouxe junto um monte de merda mole que desceu de calça á baixo, fazendo com que Mane Jão virasse protagonista da revolta dentro do ônibus depois de ter apanhado muito dos passageiros e principalmente da velhinha que ele havia acusado.

Chegando em casa Jão correu pra o banheiro pra tomar banho e a mulher desconfiou que ele tivesse com alguma mulher lá fora. Imagine a confusão. Pra final de história, Jão recebeu um vaso na cabeça com a ira de sua mulher e foi expulso de casa com roupa e sapato, mala e todos os seus pertence e além dos comentários maldosos dos vizinhos que falaram “BEM FEITO PRA ELE APRENDER A RESPEITAR A MULHER”.

Acho que esse foi o pior dia da vida de Mané Jão.

-FIM-

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 25/07/2009
Código do texto: T1718315
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