MEU PAI, MEU ÍCONE.

Hoje, regresso a minha mais tenra idade, minha infância e vejo-me nos braços de meu pai.

Antes mesmo de aprender as primeiras palavras podia entender e compreender todo carinho e amor que ele dedicava a mim.

Aos domingos levava-me nos braços para a feira e sempre me comprava balões coloridos em forma de pato, cataventos coloridos, piões coloridos e outros brinquedos que me chamava atenção.

Passava a maior parte de seu tempo de folga em casa a brincar comigo.

Aos poucos fui crescendo e aquele carinho paterno também.

Quando comecei a entender um pouco a comunicação verbal iniciei logo cedo a fazer perguntas tipo:

..... que é isso?

..... que é aquilo?

......por que isso?

......por que aquilo?

Lembro-me que sempre tinha a resposta de tudo.

A medida que eu crescia ia mudando o repertório de meus questionamentos mas papai estava ali sempre com suas explicações.

Sempre fui mais observador... mas uma criança ainda não possui o senso crítico dai necessidade de perguntar mais.

Diante de uma noite estrelada, enluarada indagava sempre sobre os mistérios das estrelas, da lua e do sol!

Sempre gostei de observar o céu de dia as nuvens e a noite as estrelas.

Gostava muito de ouvir suas estórias e seus causos.

De sua infância, de seus pais pouco me falou, mas as vezes escapava algumas passagens de quando criança, mas muito raro.

Papai sempre fora muito carinhoso e sempre muito atento a qualquer gemido, soluço ou choro. Sempre estava ali do lado para observar e dar segurança e amor.

Certo dia meu pai levou-me a Mercearia Godinho, onde trabalhava no centro da cidade, no mesmo lugar que hoje ela existe, a rua Líbero Badaró, próximo ao viaduto do Chá todo orgulhoso para mostrar-me aos seus colegas de trabalho.

Lembro-me que eu ainda nem sabia andar, mas podia ver e ouvir tudo que se passava em volta.

Gostava de ficar observando o movimento dos carros, dos ônibus e os prédios por onde passava.

Em casa, nas suas horas de folga, papai costumava pegar-me no colo e brincar muito comigo. A noite antes de dormir gostava de brincar de cavalinho, de saltar na sua barriga.

Muitos outros momentos marcantes estão vivos na minha memória, mas serão narrados em episódios a parte em outros contos e crônicas.

O tempo passou, cresci, atravessei a infância, a adolescência, a juventude e alcancei a minha maturidade e em todas as fases de minha vida sempre tive e ainda tenho o carinho e a dedicação de papai, como nos velhos tempos.

É como se o tempo (mais de meio século) entre nós não tivesse passado e rogo a Deus para que esta graça perdure ainda por muito tempo.