O TOQUE DE MIDAS

Certa vez ouvi uma história

Que me chamou a atenção.

Uma história tão antiga,

Mas que traz uma lição...

Houve um deus chamado Baco.

Se deus, ou se demônio, ninguém sabe.

Sabe-se apenas que era um beberrão alegre e benevolente.

Procurava Sileno, o seu mestre e pai de criação,

Que pela constante bebedeira, perdera-se pelo caminho...

Ahhh... Midas. Midas, o rei... encontrou-o, e o reconheceu.

Trouxe-o para o palácio, onde o tratou com imensa hospitalidade.

Foram dez dias e dez noites de festas e intensa alegria;

E, então, conduziu Sileno para a sua casa.

Baco, tomado de alegria pelo regresso do seu mestre e pai de criação,

Disse para Midas escolher como recompensa o que quisesse, e lho daria.

Ahh... o rei. Os seus olhos... os seus olhos brilharam...

- “Se contente estás, ó Baco,

Não me negues o pedido.

Uma cousa apenas peço,

E que eu seja atendido:

Que ao toque das minhas mãos

Tudo seja transformado

No mais puro e fino ouro...”

O pedido tresloucado.

Embora triste com o insensato pedido,

Baco concedeu, o que lhe fora rogado.

E Midas... Ahhh, o rei...

Partiu alegre e jubiloso, seguindo o seu caminho,

Pois tudo o que tocava transformava-se em ouro.

- Ó que bênção... que bênção, pensava ele.

- O mais rico de todos os reis.

E assim, retornou ao seu palácio...

E um banquete prepararam

Com tão finas iguarias

Para o rei comemorar

A melhor das alquimias.

Patos, faisões e cervos assados;

Peixes, leitões e vinhos rosados...

Tudo em ouro foi transformado.

Foi então que percebeu,

Já quase desesperado,

No pedido que fizera

Fora tolo e tresloucado.

Pois, se atendido em seu pedido,

Não encontrou alegria.

Pois não há ouro que preencha

O desejo de uma alma vazia.

Uma releitura da estória do Rei Midas

Moses ADAM

Ferraz de Vasconcelos, 0307/2009

00h35