A Cabana

Fechei o bar e fui sozinho para casa. É sempre assim para o garçom. Você sempre é o ultimo a sair, e quase sempre vai estar sozinho.

Naquela noite eu estava de fato sozinho. Meu relógio jah marcava mais de 4 da manhã, e eu não tinha a minima vontade de ir para casa.

Uma noite de inverno. Chovia e fazia frio. Entrei no meu carro correndo para não me molhar, sentei e apenas liguei o rádio e o aquecedor.

Fiquei lá, parado. Sei lá o que eu estava esperando, mas eu tinha a sensação de que alguma coisa ia acontecer. Só não sabia que ia ser uma coisa tão ruim.

Do nada, dois homens chegaram correndo com uma mulher. Me abordaram. Disseram que se eu não os ajudasse, eu morreria ali mesmo.

Normalmente eu nem ligaria para esse tipo de ameaça... Escutava dos bebados do meu bar todos os dias. A única diferença naquela ameaça era o cano de um revólver pressionando meus maxilares.

Como todo ser humano, o medo de morrer me venceu, e fiz o que os deliquentes pediram. Dei partida e dirigi o carro por horas, na direção que eles pediam. Os dois caras ficavam conversando constatemente, sobre como tudo tinha dado errado.

A mulher por outro lado, ficava calada. Apenas quando irritada ela mandava os dois calarem a boca. O que não demorava para acontecer.

Eu nunca vou esqueçer a mulher. Pelo que ouvi da conversa, seu nome era Sophia. Pelo o que estava claro ali, ela era quem mandava por ali.

Por fim, Sophia ordenou que eu estacionasse o carro em frente a uma cabana, no meio de uma estrada deserta. Bem apropriada para se esconder.

Com o revolver na minha nuca, fui ordenado a descer do carro. Obedeci muito prontamente e sem nenhuma reclamação. Já os dois homens estavam reclamando, e muito.

Disseram que por eu ter visto o esconderijo, eu tinha que morrer. Que era errado eu estar ali e eu não precisava ter dirigido.

A discussão foi muito violenta. Eu, naquele ponto, sabia que já estava meio morto. Mas aquilo não era o fim. Era apenas o começo de tudo.

No meio da discussão o homem que segurava o revolvér apontou a arma para Sophia. Com um sorriso que parecia vindo da morte em si, de tão gelado, ela falou:

-Essa foi a ultima coisa que você fez Roberto.

Então em um pulo, Sophia tirou uma faca da cintura, e amputou ali mesmo a mão de Roberto que segurava a arma.

-Sua vadia!!! Aaaaahhh!! – Roberto gritava em desespero, enquanto perdia sangue muito rapidamente.

-Vadia é quem te colocou no mundo.

Foi a ultima coisa que Sophia falou para Roberto. Depois disso ela pegou a faca sem nenhuma cerimonia, e com bastante naturalidade, enfiando-a diretamente na jugular do miserável.

Quando ele morreu, ela ainda deixou a faca lá. Cláudio era o outro homem, que observou toda a cena atônito. Ao ver Ricardo esticado no chão e sem vida, ao ver o sangue dele todo espalhado nas mãos de Sophia, ele saiu correndo desesperado.

Mas Sophia foi ainda mais rápida. Pegou outra faca que carregava consigo e jogou nas costas do outro infeliz. Acertou a espinha em cheio, e mais um homem caía sem vida naquele chão.

A lição que eu aprendi daquilo foi que seria bem pior se eu tentasse fugir. Esperei então que alguma coisa acontecesse.

Sophia então, olhou pra mim e disse:

-Entre na cabana. Agora.

Com as mãos sujas de sangue, ela pegou a arma de Ricardo que tinha ficado no chão e apontou-a em minha direção. Tudo o que eu podia fazer para tentar viver era entrar na cabana.

Sem olhar para trás...

O Fantasma Silva
Enviado por O Fantasma Silva em 07/07/2009
Código do texto: T1687486
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