SINFONIA DA VIDA

Sentou-se ao lado de uma velha senhora que ali estava, naquele banco de praça, a alimentar os pombos. Uma revoada chama sua atenção.

Ele não se contém e pergunta:

- A senhora vem sempre aqui alimentar os pombos

- Sim, porque? - perguntou a gentil anciã

- Por nada, é que acho tão sublime esta cena... A senhora, o saquinho na mão... Os pombos. É lindo

- Obrigada meu filho, mas lindo são seus olhos que vêem a beleza neste simples ato

- Mas singelo. E ai esta a beleza minha senhora, a singeleza adorna esta ato que a senhora julga simples.

- Hum! Você é um poeta!

- Eu?

- Sim, olha como fala de um simples ato como o meu.

- Mas ele é belo

- Eu sei, mas suas palavras o emoldura e o torna mais belo ainda. Você é um poeta, com certeza.

- Nunca escrevi uma palavra. Gosto de ler, mas nunca escrevi.

- Sua alma escreve, ela é sua mão agora... e sua boca é a caneta que conduz a poesia ao papel, os nossos ouvidos

- Meu deus! A senhora também é uma poetisa

- Sim com certeza, por isso reconheci em você o poeta

- Obrigado

- Pelo que, meu jovem?

- Por ser meu papel.

A tarde caiu e nenhuma palavra mais foi dita, e nem precisava. Ouve um concerto ali, uma sinfonia de poesia e sentimento, regida por dois exímios maestros da vida. Cada um com sua batuta de alegria e beleza. Coisas boas são assim, inesperadas e acontecem quando menos esperamos e em lugares que nem supomos existir. Existem no momento do momento. Entre um átomo de alegria.

A vida é uma coisa boa.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 05/07/2009
Código do texto: T1684189
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