O Assalto*
Era para ser apenas mais uma longa espera numa fila de Banco da cidade. Mas aquele dia foi diferente.
Percebi algo estranho desde minha chegada para fazer alguns pagamentos. Havia uma espécie de seleção à entrada, mas a justificativa de que a agência estava em obras, com pouco espaço para funcionamento, me pareceu convincente.
Depois de quinze minutos de minha entrada, aconteceu o que classifico como uma das piores experiências de minha vida.
Um grupo de cinco homens entra fortemente armado e rende primeiramente os seguranças do Banco; um deles corre em direção ao gerente e coloca-lhe uma arma na cabeça, enquanto outros dois se dirigem para nós: - Todos pro canto. Nada de gracinha ou se arrependerão amargamente!
Éramos umas 30 pessoas, entre homens e mulheres. Havia quatro senhoras que aparentavam mais de 60 anos. Duas delas não suportaram a forte emoção e desmaiaram; as outras duas não paravam de chorar e de tremer.
Sempre fui muito destemido, mas confesso que, ao ver toda aquela cena, meu coração só faltou sair pela boca. O pior era a pressão psicológica que faziam sobre nós.
- Vamo pro cofre do Banco pegar a grana - disse um dos bandidos ao gerente, apontando-lhe a arma.
Quando pensava que tudo se resolveria com a entrega do dinheiro aos assaltantes, nova surpresa. Uma voz ao alto-falante dizia: - O Banco está cercado, entreguem-se e nada de mal lhes acontecerá.
Os bandidos ficaram mais alvoroçados e disseram que deveriam afasta-se ou pessoas inocentes iriam pagar com a vida.
Todos ficaram mais nervosos ainda. Depois de alguns minutos de troca de ameaças, saltam do forro alguns policiais na direção exata onde estavam os bandidos. Estes são imobilizados.
Para nossa surpresa maior, minutos após esses acontecimentos, os próprios assaltantes e mais os funcionários e até as senhoras, antes desmaiadas e trêmulas, começaram a aplaudir como se nada houvesse acontecido, dizendo que a operação tinha sido um sucesso.
Após alguns esclarecimentos, tomei conhecimento de que somente eu e mais dois clientes não sabíamos de que tudo não passava de uma simulação.
*COSTA, LAIRSON. Constando Histórias. Belém: L & A Editora, 2006.