Minha querida amiga

Isso tudo é ridículo! Como é possível toda esta desolação por um simples fato, um simples acontecimento que no fim das contas nem era preciso, no mínimo necessária sua concepção? Agora o que não fazia sentido, faz, e o que era eminente, no momento é supérfluo. Talvez tudo se resolveria com uma bala de 45 em meu cérebro, porém como sempre, a salvação (se é que existe de fato) se encontra longe de meus passos curtos e desajeitados, e nem mesmo algo desta magnitude seria suficiente para um desfecho plausível onde eu, apenas eu pudesse de certa forma olhar para baixo e avistar meus pés firmes caminhando sobre esta trilha amaldiçoada por alguém que nem ao menos se apresentou.

Eu não quero ser um mártir, não quero servir de exemplo o suficiente para que um aleijado aprenda a escrever com os pés, no entanto tenho pleno conhecimento de que a resposta está lá... sim, bem ali, onde nós sempre caminhamos, olhamos, sentimos, mas ignoramos (por mais que seja irônico). Fazemos isso porque pensamos que o que há lá não faz parte de nossa natureza abstrata, pensamos que fomos feitos para atropelar este tipo de sentimento, fomos feitos para ser um mísero ponto de luz que auxilia toda a brilhantina do cotidiano, mas não, ele sempre estará guardado e quando tudo, tudo dar errado, como uma lâmpada que se acende, como um despertador, como a visita da morte que é sempre inesperada aos nossos olhos ingênuos que só compreende o que é permitido por Deus, ela surge; surge e com toda sua força que é inexistente, nos faz continuar, viver e ter a certeza de que se o inferno de fato existir, é lá que vamos gozar toda a eternidade.

Senhores, vos apresento minha melhor amiga, Indiferença.

Jimmy Conway
Enviado por Jimmy Conway em 22/06/2009
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