Uns indefinidos assassinos
Numa noite misteriosa, há muito tempo..., ninguém matou tantos como alguém, que era filho de pai indeterminado e mãe imperfeita.
A primeira pessoa foi estrangulada de forma nenhuma, ninguém sabe onde alguém se escondeu, nada vi eu. Um agente da passiva foi convocado para investigar, mas nada descobriu, visto a sua passividade perante os (in) fatos. Todos procuravam algo, talvez poucas pistas inexistentes, menos uns tanto medrosos, que como nós, estão certos de que alguma coisa não aconteceu.
¬- Quantos serão quase “mortos” por alguém ?
Ninguém....sabe; cada um que diga, eles nada disseram. Mais corpo algum de outrem foi encontrado, quem será o sacrificado? Esta segunda pessoa (que não eras tu, leitor) era cheia de predicados, nada mais fez , foi afogada em alguma piscina vazia.
Quanto a terceira pessoa, arremessaram indiretamente um objeto direto em sua cabeça, causando-lhe impessoalidade instantânea, perdeu a noção do tempo presente e passado, perdeu a memória e só lembrava de fatos futuros.
A quarta, de tão singular que era,vendo a cena viciosa pelo espelho, pleonasticamente “se suicidou-se com um tiro em sua própria cabeça se matando-se”e acabou errando, acertou o reflexo.
Muitos outros foram quase mortos, de todas as formas, de jeito nenhum, de certo e incerto modo, com mais, menos e nenhuma violência, cada qual certo que ninguém ou alguém os mataria. Então, os que se mantiveram vivos entraram em concordância verbal e orações foram subordinadas ao singularíssimo pai do presente, passado e futuro.
Até mesmo a gramática não escapou, foi “extruprada”, onde o “extruprador” será acusado, se preso for, de violação ortográfica e barbarismo, sob pena de passar o resto de sua deplorável vida preso a uma biblioteca (como prometeu acorrentado), onde para cada dez livros lidos num dia, surgirão sete vezes setenta livros, e se ele conseguir lê-los, será beneficiado com um dia a mais de vida, ou lê ou será executado.
Assassino algum não pode ser qualquer um, seja quem for, um ou outro, sabemos que é um sujeito oculto, perigoso, com vícios de linguagem e seduz suas vítimas por meio de eufemismos. Catacrese, um detetive renomado, fez um retrato falado de ninguém ou alguém, baseado nas especulações de alguém ou ninguém (única testemunha não identificada) e teve a seguinte descrição: o suspeito tem cabeça de prego com um cabelo de fogo,visão de lince em seus olhos d’àgua, dentes de serrote combinando com um nariz de avião e imensas orelhas de elefante, pescoço de garrafa (deve ser alto), braços de poltrona(é muito robusto), compridas pernas de mesa, andava em trajes de adão, é homem de cor e a última vez que foi visto embarcava num trem. Fique atento, o próximo a próximo a ser (in) vitimado pelos assassinos indefinidos pode ser você, caro leitor.
Não devemos lembrar que o “pervertido homicida” pode ser alguém ou ninguém, poucos ou muitos, todos ou talvez nenhum, ou ele, ou nós, ou vós, ou eles, assim como esta pessoa que vos narra (eu), que na noite passada aos crimes inexistentes,não estava presente, apenas no futuro a esta...