Inverno
As cores se foram.Só restou o cinza,o preto e o vermelho.
Os passaros pararam de cantar.Só riem da insônia que insiste em ficar.
O cansaço tomou conta,e respirar se tornou um desafio.
Dias correm,mas a solidão é lenta.
Dor,angústia,medo...já são rotina.
Dormir é impossivel,e se levantar da cama também.
Todos os amores morreram em um dia frio de junho,deixando apenas a saudade.
A imagem refletida no espelho parece de outro.Alguem magro,com olheiras,com um olhar sem brilho...
Sentar na varanda,acompanhado apenas por uma garrafa de bebida,encarando uma noite de frio se torna o único propósito.
As alegrias e amores se perdem na brisa do inverno cinza e melancólico.
A vida passa na frente dos olhos,mas se importar com isso é quase impossível.
Deitar na cama e olhar para o teto é mais plausível.
Pensar no amor despedaçado,retalhado e passado é a única atividade do dia.
E a bebida é o combustível para essa maratona mórbida.
O cigarro sôfrego parece rir da tristeza dura e implacável que se alojou no canto mais profundo da alma.
Andar é doloroso.O corpo está entregando os pontos.Ela está matando justamente quem mais a amou,e parece não ver isso.
Finalmente se entrega.Entende que está sendo punido pelo seu maior crime:
Amar.
Mas qual é a razão de tudo isso.És um ser humano como outro qualquer.
Merece tanta dor?A raiva toma conta da mente.A tristeza se une ao ódio.
És agora uma máquina movida por whisky,vodka,cerveja e cigarros baratos.
Não há amor para onde você foi.Não há e nunca houve.
Olha para o céu e se perde na loucura consumada pela paixão.
Até que chega o último dia,um domingo sombrio e nostálgico.
Se despede e parte para a última caminhada do seu ser em frangalhos.
Morreste numa fria madrugada de segunda.
Ninguém chorou.