SINFONIA

Amores negros e fétidos, ilusões sádicas esta crueza da mente. Eis ali Corpos ensangüentados em alvos lençóis a apodrecerem e ao ar perfumarem com o cheiro brutal de morte. Testemunham o perigo atraente da escuridão e desnudam os homens e suas paixões.

Uma rosa sem botão enfeita a sala onde na mesa jaz uma velha aliança amassada. No meio dos dejetos humanos jogados ao chão há sonhos, esperança e lixo. Quanta podridão. Ali, perdeu a inocência o significado da pureza e os cristais foram quebrados. Muito foi dado, pouco recebido. O que esperar que não seja pouco? Beba um pouco mais. Drogue-se. Até os filósofos tinham perversões.

Desde sua tenra infância buscou o que na lenda dizia, um príncipe queria. Mas um rato contaminado foi lhe dado, que pouco a pouco matou aquela moça que na veneziana sonhava com um cowboy salvador. Vãs esperanças são agora amargas lembranças a povoarem uma mente louca em seu ímpeto assassino de beleza assustadora.

Suas feições contorcidas, olhos injetados, mãos crispadas. Esse ódio frio a espalhar. Possuis a singeleza das damas vitorianas que para a prostituição desciam de forma digna e encantadora. Enquanto meditavas, feito um monge em seu escrito final, mostravas sabedoria digna de ilustres pensadores. Pura matemática.

As horas a passarem velozes apontam teu destino brutal, mas não importa-te são mera formalidades. Calmamente escolhias que vestido vestirias e qual a cor melhor combinaria. Querias em grande estilo prosseguir. Ora porque não ser uma festa? Não há lei que obrigue um final simplório. Sempre fostes dada as pompas dos sonhos, porque não uma pompa a trágica finalística. Sentada a pensar era a imagem da sensatez que em todo o tempo só existe nesse momento. Durante seus anos pacíficos era insana em suas visões doces, cor de rosa. Agora porém, eis o glorioso momento de lucidez, o ápice do conhecimento do poder de ser o clímax de tudo e conhecer o ponto em que poucos chegarão.

Nada será esquecido, nem sua loucura. Mas porque loucura se nada imposto lhe foi ou mesmo de mente perturbada resultou? Se, apenas se de uma mente clara e ponderada surgiu?

Eis porque loucura? Cada passo é o desfecho final da batalha de longas e infrutíferas guerras, agora venceria de uma única vez e levaria consigo os louros empoeirados para enfeitar os pés. Na cabeça levarei rosas perfumadas com sangue, o teu sangue. Aqui jazerá o conhecimento supremo do egoísmo infantil, e a tua saúde beberei, um cálice tinto de cianureto e prazer lhe darei para rir com prazer de tua dor.

Ah, a musica não se pode esquecê-la. É este um momento refinado. Que toquem as Bachianas ou quem sabe Thaickovski. Para a grandeza deste momento é necessário sutileza que toquem qualquer que seja, mas que se homenageie a beleza dos sonhos, a pureza do amor.

Deborah Mahara
Enviado por Deborah Mahara em 27/05/2009
Código do texto: T1617183
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