Crescendo
O sangue verde que corre por estes punhos é sangue de liberdade e respeito. Estou presa. Há medo em mim. Há falta de fé, mas enquanto há, então apenas está faltando. O problema desta falta é que agora ela não traz mais mistérios e eu era composta por eles. Não sei bem para onde quero ir. Não sei se quero ficar ou se quero voltar! Sinto no fundo que saio desta sela para me trancar em outra quando voltar. Talvez todos estes sintomas venham de uma paixão que existe em mim mas não aceito e não devo enxergar ou alimentar. Estou farta de mim. Estou farta de duvidar, farta de ser racional, farta de achar que estou viva. Meu corpo pede, e minha mente enganá-o. Sou meu corpo e nada mais. Sou isto tudo que está sentindo agora. Sou este calcanhar doendo apoiado no banco, sou este braço cansado e rígido que escreve, sou as pálpebras pesadas que querem fechar, sou este coração que pulsa dentro de mim e me faz sensível ao chorar. Sou meu corpo mas nego minhas necessidades. Nego que ele quer se apaixonar. Nego que quer se entregar. Mas o que seria mais saudável a mim? Sou uma jovem de 19 anos, vivo na era do Teatro Mágico, do sexo, das drogas, das amizades, da universidade. Mas não sou só isso. Sou a consciência do meu corpo. Sou a língua que ele fala. Só que mais difícil que ser tudo isso, é ser alguém que sabe entrelaçar e fazer trabalharem juntos, corpo e mente. Desejo e razão. Seria possível? A análise minuciosa faz com que não seja.
Acabei de plantar uma árvore, espero que cresça!
Quero o mar
Quero o teatro
Quero uma cama
um banho
um colo quente
um rosto estranho
tampado
escuro
irreconhecível
Quero meu livro
Quero meu poema
Quero uma razão
saudável
cheirosa
quente
um nexo
um raciocínio
um quadrado
fechado
esquizofrênico
Quero um mundo
Quero uma Lua
Quero um peito
uma criança
um abraço
um medo
solidão
incerteza
nada é claro
filosofia abusteira
Enganação.
“Gosto dos segredos dos outros, dos medos dos outros, das histórias dos outros, mas não gosto dos outros.Sou atriz, sei mentir que sou artista. Sei mentir que escrevo versos, sei fingir que sou alguém, que sinto tudo racionalmente. Sei fingir. Sei tudo! Sei estar aqui escrevendo babaquices e sentindo meu coração batendo encostado na minha mão prensada à mesa. Sei fingir que sou eu. Sei fingir que sinto os prazeres denominados pelos homens. Na realidade. Sinto apenas, sinto do meu modo quando não finjo. E este sentir difere de tudo que se possa imitar! Sou eu, e também sei fingir isto.”
ENQUANTO O CÉU FOR VERDE EU SEREI EU!