Os três

OS TRÊS

Certo homem planejou fazer uma viagem aventureira, pois pretendia conhecer melhor sua região, para isso comprou um cavalo baixeiro, equipado e assim realizar esse plano. Um dos seus amigos, conhecido como o Sábio, ao saber sobre este desejo do mensageiro em ter um contato mais próximo com os habitantes de sua imensa região, logo foi visitá-lo e com isto dialogar sobre tal aventura. Ao chegar a sua residência foi direto ao assunto:

_ Oh Profeta! Estou sabendo que pretende viajar, qual é o seu propósito, o que queres colocar como meta nesta viagem?

_ Ah caro amigo poeta, eu preciso ter um contato com os moradores da nossa região, pois vejo que estou em débito para com eles, preciso entregar minha mensagem e cumprir com a minha missão.

_Ah caro amigo, eu queria te dizer que tenho um desejo, um sonho para concretizar, que é conhecer a nossa terra e registrar seus detalhes, bem sei que ela é rica em sua natureza. Ao fazer esse levantamento, irei escrever um livro baseado nesses conhecimentos para deixar para nossa futura geração como uma herança, obra essa que vai contribuir com o nosso povo, pois muitas pessoas nunca tiveram a oportunidade nem de conhecer o município vizinho.

_Então, porque não vamos juntos ? Será um prazer tê-lo como companheiro durante essa jornada.

_ Com certeza profeta, vou preparar um cavalo e levaremos um mulo para transportar os nossos mantimentos.Precisamos levar alimentos não perecíveis, assim como: carne seca, queijo, rapadura e outros...levarei também um dos filhos do meu morador, para cuidar de tudo isso e dos cavalos.Ao chegar em localidades pouco habitada teremos como nos alimentar, chegando na cidade poderemos abastecer.

Chegando o dia em que combinaram para fazer a viagem, tudo estava preparado, e saíram estrada a fora, eles montados em seus cavalos e o servo no mulo com os caçuás cheios de alimentos, só ele é que não sabia do que se tratava naquela viagem tão intensa, as vezes sentia-se marginalizado.Os primeiros dias andaram bastante, pois os animais estavam com todas as energias, daí a pouco foram cansando, e com isso, passavam mais tempos nos ranchos onde debatiam e registravam sobre tudo que tinham visto. Os contatos que tiveram com as pessoas que moravam nos sítios, a quem o mensageiro falava sobre sua missão. Certa vez o profeta falou:

_Oh amado poeta, você percebeu naquela montanha o poder do Criador, fazer água fluir naquela altura e dela manter uma cadeia alimentícia?

_ Com certeza mensageiro, não há algo mais belo, aquela paisagem na esmeralda das plantas, o cheiro das flores, a melodia dos pássaros, o ar suave próximo da cachoeira, aquilo é um a verdadeira fonte do lirismo, quando me concentro na beleza da natureza, fico como uma pena de um passarinho solta no ar, um verdadeiro delírio.

O servo escutava os dois mas, muitas vezes não compreendia, pois usavam de uma linguagem elevada, palavras que não sabia qual seria o seu significado. Então em seus pensamentos refletia:

_Qué queu to fazeno aqui ? Eles fala coisa qui num sei donde vem, nem pra donde vai, to pariceno um pateta.

Dias depois os alimentos já haviam consumidos, já não podiam continuar a jornada, ao anoitecer chegaram a casa de uma humilde família, que em seu costume jantava bem cedo. Ao pedirem ao dono de casa a permissão para dormirem em seu alpendre, aquele senhor logo permitiu, falou para os viajantes que tinha um problema, já tinham feito a ceia, o que podia lhes oferecer era um pequeno queijo de coalho de leite de cabra, mas ao vê-lo, o mensageiro agradeceu pela bondade daquele senhor. Logo imaginou que caso partissem aquele pequeno queijo em três fatias, não daria nem pra sentir o gosto, o necessário era bolar uma ideia de conseguir na lábia e ganhar o queijinho pra ele e disse:

_ Já sei! companheiros, estou com uma proposta e tenho certeza que vocês concordarão comigo, como estão vendo o queijo é muito pequeno, se caso nós dividirmos, não irá satisfazer a nenhum, então vamos fazer o seguinte, deixaremos ele sobre a mesa, e amanhã bem cedo quem contar o melhor sonho, vai saborear essa dádiva preciosa, estão de acordo?

Após a decisão todos foram se deitar, nesse momento, o mensageiro procurava montar sua estória, a qual pudesse apresentar grande atração para todos.O sábio em seu lugar pensou um pouco, mas confiou em suas habilidades provisórias e assim apresentaria melhor “sonho”. Já o servo em sua esteira, ficou inquieto, bolava para um lado e pra outro, sua barriga gemia, clamava por socorro, então, escutou, tudo estava em silêncio, saiu na ponta dos pés e comeu o queijo, voltando a esteira, lá pensava:

_Cumé queu vou saí dessa? O que eles vai fazer cum eu? Ah deixa pra lá, pelo menos minha barriga se calou.

Ao amanhecer o dia, o mensageiro confiando que o queijo estava sobre a mesa, logo chamou o sábio e o servo e disse:

_Eu quero contar o meu sonho, foi a coisa mais linda, eu tinha falecido e ao chegar ao céu, senti a maior emoção de toda minha vida um júbilo tremendo, os anjos cantando, um coral de maior perfeição, as músicas celestes me faziam tão feliz...

No momento disse o sábio:

_ Ah profeta! O meu sonho foi superior, eu estava no céu na maior alegria, ruas de ouro, paredes de esmeraldas, rio cristalino, a árvore da vida, o maior encanto, e diante daquele esplendor Jesus me chama e convida-me para fazer a recepção do mensageiro que chegava acompanhado pelos anjos...naquele instante eu falava, seja bem-vindo profeta, vem morar no seu lar eterno, aqui você não terá mais sofrimento!

De repente os dois se voltaram pra o servo em uma só voz, pedindo que o servo contasse o seu sonho.

¬_ Eh eh eh eu vou dizer qui o poeta tava no céu, esperando a chegada do profeta, e eu tava sozinho, bobando feito um pateta, aí me vei na lembrança di quem ta no céu num precisa mais de queijo, aí eu fui e cumi !

Gilson Felinto
Enviado por Gilson Felinto em 15/05/2009
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